terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Uma boa história nunca acaba #168


Walt before Mickey (2015). Biografia. Drama. Ainda criança, Walt Disney tinha por hábito desenhar os animais da fazenda onde morava. Ao crescer, ele decidiu tentar a sorte como animador numa cidade grande. Decidido a ter uma empresa própria, que lhe permitisse trabalhar no que gostasse, ele enfrenta diversos obstáculos até ter a grande ideia de sua vida: um pequeno rato chamado Mickey Mouse. O filme mostra a questão do empreendedorismo do inicio ao fim e grandes lições de negócios. Para quem gosta de biografias, aqui fica a dica!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Uma boa história nunca acaba #167


Maikäfer flieg (2016). Drama. Áustria, 1945. O mundo vive o rescaldo da Segunda Grande Guerra. Depois de ter perdido a casa nos bombardeamentos, Christine, de nove anos, sobrevive com a família numa mansão abandonada nos arredores de Viena. Quando, após a vitória dos Aliados, os soldados alemães se vêem obrigados a fugir, as populações aguardam o exército soviético. Mas a sua fama de desordeiros faz com que todos temam a sua chegada. Apenas Christine, determinada a não deixar que as coisas regressem à "normalidade" da guerra, os vê como mensageiros de melhores dias… Traduzido para Portugal como "A primavera de Christine", este é um dos tantos filmes internacionais (leia-se não americanos) que merece ser visto! Pessoalmente vi muitas semelhanças com o filme The book thief portanto para quem tenha gostado desse filme ou quem goste do género, este blog aconselha!

domingo, 4 de dezembro de 2016

Página-a-página #169

«Sempre que me lembro deste mito, pergunto-me: será que nunca nos será permitido ver o verdadeiro rosto do amor? E compreendo o que os gregos queriam dizer com isto: o amor é um acto de fé noutra pessoa e o seu rosto deve estar sempre coberto pelo mistério. Cada momento deve ser vivido  com sentimento e emoção, porque se o tratamos de o decifrar e perceber, a magia desaparece. Seguimos os seus caminhos tortuosos e luminosos, deixam-nos ir ao mais alto da terra ou ao mais fundo dos mares, mas confiamos na mão que nos conduz. Se não nos deixamos assustar, despertaremos sempre num palácio; se tememos os passos que serão exigidos pelo amor e queremos que nos revele tudo, o resultado é que não conseguiremos mais nada. »
A espia
Paulo Coelho 

sábado, 26 de novembro de 2016

Histórias com história #16


Gilmore girls: A year in the life (2016). Well, well, well.... Vejam só quem voltou aos ecrãs, desta vez numa produção exclusiva da netflix... Pois é... A série que saiu do ar em 2007 está de volta aos ecrãs num conjunto de quatro episódios, cada um deles passado numa época do ano: Inverno, Primavera, Verão e Outono. Uma agradável surpresa para os fins, como é o meu caso, que já tinham saudades de Stars Hollow e de acompanhar Lorelei e Rory de perto. A não perder!!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Página-a-página #168

«-Posso dar-lhe um conselho? - perguntou ele quando o jantar já se aproximava do fim e todos nos preparávamos para ir ao estúdio do espanhol. Eu acenei positivamente com a cabeça.
-Saiba o que quer e tente ir além daquilo que espera de si mesma. Melhore a sua dança, treine muito e proponha-se um objectivo muito alto, difícil de alcançar. Porque essa é a missão do artista: ir além dos seus limites. Um artista que deseja pouco, e acaba por conseguir, falhou na vida.
(...)»
A espia
Paulo Coelho

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Página-a-página #167

«(...)A minha tia dizia que que o fogo, onde quer que estivesse, era também a boca de deus. Porque o que consumia entrava numa dimensão paralela. Desmaterializava-se. Tornava-se insondável. Eu achava que aquele fogo não era anfitrião. Seria certamente a boca do diabo. A mulher enfurecia-se. Sem o fogo, na Islândia gelada do inverno, não sobreviveríamos. O fogo era a mão quente de deus. Estendida sobre nós por generosidade. O fogo era anfitrião. Consumia os livros como se deus os lesse. Haveria de julgar cada frase. Os escritores teriam sempre longas contas para acertar com deus, por se atreverem a deixar ideias mais perigosas ao serviço dos mal preparados, dos ingénuos, dos sonhadores, dos que errariam em qualquer decisão perante as questões mais elementares. Deus haveria de sentenciar cada texto e cada memória, e todos os escritores seriam triturados entre os seus dedos para caírem como pó no esquecimento do inferno. A nós, competia nada, apenas assear, organizar, obedecer. Não ler, pensei, era como fechar os olhos, fechar os ouvidos, perder sentidos. As pessoas que não liam não tinham sentidos. Andavam como sem ver, sem ouvir, sem falar. Não sabiam sequer o sabor das batatas. Só os livros explicavam tudo. As pessoas que não lêem apagam-se do mapa de deus. Eu disse. (...)»
A desumanizaçã
Valter Hugo Mãe

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Página-a-página #166

«A poesia é a linguagem segundo a qual deus escreveu o mundo. Disse o meu pai. Nós não somos mais do que a carne do poema. Terrível ou belo, o poema pensa em nós como palavras ensanguentadas. Somos palavras muito específicas, com a terna capacidade da tragédia. A tragédia, para o poema, é apenas uma possibilidade. Como um humor momentâneo. Eu perguntei: posso chamar a vida de poema. E ele respondeu: podes chamar a vida de poema. A vida é a normalidade e deus é a normalidade. O poema é normal. 
Onde á a palavra, há deus. Onde nasce a palavra, nasce deus. Todos os outros lugares são ermos sem dignidade. »
A desumanização
Valter Hugo Mãe

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

TOP 3: Filmes sobre fotografia que quero ver




The Bang Bang Club (2010). Esta é uma história real de um grupo de jovens repórteres de guerra - Greg Marinovich, João Silva, Kevin Carter e Ken Oosterbroek - unidos pela amizade e pelo senso com o propósito de contar a verdade. Eles arriscam as suas vidas para contar ao mundo toda a violência e brutalidade nas primeiras eleições livres na África do Sul após o fim do regime de Apartheid South Africa.




Everybody Street (2013). Homenagem à fotografia de rua através da exploração cinematográfica da cidade de Nova York, feita pelos mais conceituados fotógrafos incluindo Bruce Davidson, Mary Ellen Mark, Elliott Erwitt, Ricky Powell e Jamel Shabazz.






Time Zero: The last year of polaroid film (2012). Em Fevereiro de 2008, a Polaroid anunciou que os produtos de filme instantâneo iriam acabar. O documentário conta a história do último ano da Polaroid. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Página-a-página #165

«O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exactamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou uma expectativa. Sem ninguém no presente ou no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer. 
(...) Aprender a solidão não é senão capacitarmo-nos do que representamos entre todos. Talvez não representemos nada, o que me parece impossível. Qualquer rasto que deixemos no eremitério é uma conversa com os homens que, cinco minutos ou cinco mil anos depois, nos descubram a presença. Dificilmente se concebe um homem não motivado para deixar rasto e, desse modo, conversar. E se houver um eremita assim, casmurro, seguro que terá pelo chão e pelo céu uma ideia de companhia, espiritualizando cada elemento como quem procura portas para chegar à conversa com deus. Estamos sempre à conversa com deus. A solidão não existe. É uma ficção das nossas cabeças.»
A desumanização
Valter Hugo Mãe 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Uma boa história nunca acaba #166


Inferno (2016). Acção. Aventura. Crime. Quando Robert Langdon, professor de simbologia da Universidade de Harvard, desperta amnésico numa cama de hospital em Florença, fica desorientado. Sienna Brooks, uma das médicas que o assiste, explica-lhe que, dois dias antes, deu entrada nas urgências com ferimentos de bala. À medida que o ajuda a recuperar a memória, apercebem-se de que ele está envolvido numa conspiração internacional que aparenta colocar em risco a sobrevivência de toda a Humanidade. Numa corrida contra o tempo que os arrasta para o desconhecido, vêem-se obrigados a seguir estranhas pistas relacionadas com a simbologia oculta encontrada em "Inferno", a primeira parte da célebre obra "A Divina Comédia", do escritor florentino Dante Alighieri. Baseado no "best-seller" homónimo de Dan Brown, esta é a terceira aventura adaptada ao cinema do simbologista Robert Langdon (mais uma vez interpretado por Tom Hanks), o herói que encontrámos em "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demónios". Em cartaz ainda nos cinemas!

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Página-a-página #164

«Perante a objectiva, eu sou simultaneamente aquele que eu julgo ser, aquele que eu gostaria que os outros julgassem que eu fosse, aquele que o fotógrafo julga que sou e aquele de quem ele se serve para exibir a sua arte. Por outras palavras, trata-se de uma acção bizarra: não paro de me imitar a mim próprio e é por isso que sempre que me fotografam (que deixo que me fotografem) sou invariavelmente assaltado por uma sensação de inautenticidade, por vezes de impostura (como alguns modelos podem provocar).»
A câmara clara
Roland Barthes

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Uma boa história nunca acaba #165


Snowden (2016). Biografia. Drama. Thriller. Edward Joseph Snowden é um ex-militar e antigo analista informático norte-americano que se tornou denunciante das práticas da NSA, a agência de segurança nacional dos EUA. A revelação foi feita em 2013, através de milhares de documentos qualificados como “estritamente confidenciais” enviados às redacções dos jornais The Guardian e The Washington Post. Após as denúncias, que chocaram o mundo, o Governo norte-americano apresentou acusações formais contra Edward Snowden por exposição de dados secretos do governo, onde foram revelados, entre muitas outras coisas, detalhes do projeto de monitorização global, denominado PRISM, que acedia a conversas telefónicas e transmissões na Internet de cidadãos de todo o mundo. Depois de múltiplos pedidos de asilo político a vários países, sempre negados, a 1 de agosto de 2013, Snowden entrou em território russo após ter recebido documentação do Serviço de Migração que lhe concedeu asilo temporário naquele país. Um filme biográfico sobre o homem que deixou o mundo em choque após revelar uma teia de espionagem à escala mundial perpetrada pelos serviços de espionagem norte-americanos. Aproveitem enquanto o filme está nos cinemas. Sem dúvida que este blog recomenda!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Uma boa história nunca acaba #164


Sully (2016). Biografia. Drama. Em meados do mês de Janeiro de 2009 um Airbus A320, pouco depois de descolar do Aeroporto LaGuardia, em Nova Iorque, atingiu um grupo de gansos-do-canadá, que resultou numa imediata perda de potência de ambas as turbinas. Sem opções de aterragem segura, o Capitão Chesley "Sully" Sullenberger decidiu com êxito a proeza de amarar o avião praticamente intacto no Rio Hudson, perto de Manhattan, poupando assim a vida dos 155 passageiros, que foram logo de imediato socorridos pelas embarcações locais. Pelo feito histórico, o Capitão "Sully" e a restante tripulação foram considerados heróis nacionais e condecorados com a Medalha de Mestre da Guild of Air Pilots and Air Navigators. Mas só depois de uma investigação rigorosa sobre a sua reputação e carreira. Em Portugal traduzido como Milagre no Rio Hudson, ainda nos cinemas, este é um filme que este blog aconselha!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Página-a-página #163

«Tanti enquanto trabalhadores como enquanto consumidores, sentimos que nos movimentamos por canais que foram projetados de longe por enormes forças impessoais... Algumas pessoas reagem a isso aprendendo a cultivar os seus próprios legumes... Estes novos agrários afirmam que recuperar uma relação mais directa com os alimentos que consomem lhes proporciona uma profunda satisfação. Os outros dedicam-se ao tricô e ao croché e orgulham-se de exibir peças de roupa que eles próprios fizeram. A economia do lar das nossas avós está de repente, e de novo, em voga - porquê?
A frugalidade pode ser apenas uma pouco sólida racionalização económica para um movimento que, na verdade, responde a uma necessidade mais profunda: queremos sentir que o nosso mundo é inteligível para podermos ser responsáveis por ele... Muitas pessoas tentam recuperar um campo de visão que, em termos de escala, é no fundo, humano, e libertarem-se da dependência das obscuras forças de uma economia global. »
A minha pequena livraria
Wendy Welch

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Página-a-página #162

«Os livreiros, pelo menos até conseguirem ser replicados online, são o motivo por que as pequenas livrarias ainda existirão mesmo depois de o último levitação desaparecer, arpoado por um e-reader. As livrarias físicas são pontos de convergência para os espíritos e intelectos humanos. Os e-readers e as livrarias online não nos permitem contar a história por trás da compra de determinado livro. A Amazon não sabe, nem se interessa em saber, que queremos um romance erótico para distrair uma amiga durante as suas sessões de quimioterapia; que procuramos um livro sobre a confecção de bolos de casamento porque planeamos fazer um para a nossa futura nora, porque os pais dela não têm dinheiro para pagar o casamento, mas nunca na vida fizemos nenhum e estamos borrados de medo. Os donos de livrarias pequenas e independentes querem saber, interessam-se. Somos bons ouvintes. Provavelmente porque somos humanos, tal como as pessoas que nos compram livros. Talvez um dia os computadores venham a ser bons ouvintes também. Interrogo-me, isso fará do mundo um lugar melhor ou pior?»
A minha pequena livraria
Wendy Welch

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Uma boa história nunca acaba #163


Me before You (2016). Drama. Romance. Lou é uma rapariga alegre e inocente que nunca saiu da pequena cidade onde nasceu. Um dia, de modo a ajudar nas contas familiares, aceita emprego como assistente domiciliária de Will Traynor, filho único de uma família abastada que, devido a um grave acidente de mota alguns anos antes, ficou tetraplégico. Confinado a uma cadeira de rodas, Will, que até aí tinha sido um amante de aventura, foi perdendo o gosto pela vida, tornando-se deprimido, fechado em si mesmo e cínico na forma como vê tudo em seu redor. Porém, apesar de inicialmente difícil, a relação entre ambos vai-se tornando cada vez mais estreita e a alegria contagiante dela vai revelar-se um antídoto contra a depressão de Will, dando-lhe uma nova motivação para acordar a cada dia… Uma história dramática que marca a estreia em longa-metragem de Thea Sharrock e que adapta a obra homónima do inglês Jojo Moyes, também responsável pelo argumento. Mais um romance que este blog aconselha para quem gosta do género.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Uma boa história nunca acaba #162


Spotlight (2015). Biografia. Crime. Drama. A equipa “Spotlight” do jornal “Boston Globe” era formada por um conceituado grupo de jornalistas de investigação. Em finais de 2001, vêem-se a braços com um caso em que vários padres da Igreja Católica são acusados de abusos sexuais a crianças da comunidade. Ao investigarem a fundo, dão-se conta de décadas de encobrimento que envolve os mais altos níveis das instituições da cidade de Boston, seja a nível religioso ou mesmo político. Decididos a mostrar a verdade e a levar os responsáveis a tribunal, a equipa de jornalistas empenha-se em encontrar provas irrefutáveis. Para isso, entrevista vítimas, procura dados de arquivo e contrapõe testemunhos ao mesmo tempo que se vê obrigada a fazer frente ao sigilo da instituição eclesiástica. Este caso de pedofilia, que chegou às primeiras páginas dos jornais de todo o Mundo, abalou profundamente a Igreja Católica. Desde então, vários casos similares foram tornados públicos, muitas vítimas contaram as suas histórias e muitos padres foram condenados. Com esta investigação, o jornal “Boston Globe” venceu o Prémio Pulitzer por serviço público. Vencedor do Oscar de melhor filme de 2015, este blog aconselha!

domingo, 21 de agosto de 2016

Uma boa história nunca acaba #161


The hours (2002). Drama. Romance. Este filme conta a história de três mulheres à procura de vidas com mais sentido. Cada uma delas vive numa época e num local diferente, mas as suas vidas interligam-se por pequenos fios de seda, jogos de correspondências, que só se revelarão no final. Virginia Woolf, num subúrbio de Londres no início dos anos 20, combate a loucura enquanto começa a escrever o seu primeiro grande romance: “Mrs. Dalloway”. Laura Brown é uma dona de casa que vive em Los Angeles, no final da II Guerra Mundial. Casada e com um filho chamado Richie, Laura começa a ler “Mrs. Dalloway” e a leitura torna-se tão reveladora que ameaça alterar de forma dramática a sua vida. Clarissa Vaughan, uma versão contemporânea da “Mrs. Dalloway” de Woolf, a quem os amigos tratam mesmo por Mrs. D., vive em Nova Iorque, nos anos 90. Richard, amigo de toda a vida, poeta brilhante, está a morrer de Sida. Um filme que se vai revelando aos poucos diante dos olhos do público. Este blog aconselha!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Divulgando #41



Um projecto sobre a gratidão que visa tirar partido das pequenas coisas do dia-a-dia pelas quais estamos gratos. Um pouco como o projecto #100hapydays já mencionado aqui no blog mas que dura 365. Vale a pena dar uma vista de olhos pelo site bem como no vídeo!

domingo, 14 de agosto de 2016

Uma boa história nunca acaba #160


As good as it gets (1997). Comédia. Drama. Romance. Jack Nicholson vive um de seus papéis mais divertidos como o obsessivo-compulsivo Melvin, um homem sem amigos e cheio de manias que desenvolve uma amizade incomum com uma empregada de mesa, que considera-o desprezível. Quando ela precisa de deixar o emprego para cuidar do filho, a sua tranquilidade é abalada e ele precisa de tomar uma atitude. Uma comédia a não perder! 

sábado, 6 de agosto de 2016

Página-a-página #161

«-O que aumenta o medo e o desejo é a ignorância. É por isso que, muitas vezes, as pessoas ricas e com muito dinheiro têm mais medo à medida que ficam mais ricas. O dinheiro é a cenoura, a ilusão. Se o burro conseguisse entender todo o contexto, poderia pensar duas vezes antes de correr atrás dela.
O pai rico explicou que a vida humana é uma luta entre a ignorância e o esclarecimento. Explicou que, ao deixarmos de procurar informação e conhecimento sobre nós mesmos, instala-se a ignorância. A luta é uma decisão tomada momento após momento, de aprender a abrir ou a fechar a própria mente. 
-A escola é muito, muito importante. Vocês vão à escola para aprenderem uma competência ou uma profissão e poderem tornar-se membros úteis da sociedade. Cada cultura necessita de professores, médicos, artistas, cozinheiros, homens de negócios, polícias, bombeiros, soldados. A escola treina-nos para que a nossa cultura possa florescer - disse o pai rico. - Infelizmente, para muita gente, a escola é o fim e não o início.»
Pai rico, pai pobre
Robert T. Kiyosaki

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Uma boa história nunca acaba #159


Dallas Buyers Club (2013). Biografia. Drama. EUA, 1985. Ron Woodroof é um "cowboy" que sempre gostou de viver no limite... Até lhe ser diagnosticado o vírus VIH/sida e dado 30 dias de vida. Após um período inicial de total negação da doença, começa a ser tratado com o antiviral AZT, o único medicamento autorizado, que quase o conduz à morte. É então que decide procurar tratamentos alternativos noutras partes do mundo, independentemente da possível ilegalidade do seu uso nos EUA. É desse modo que, com a ajuda da Dra. Eve Saks, a sua médica, e de Rayon, um travesti também infectado, Ron cria o Clube de Dallas, cujo objectivo é fornecer os mesmos medicamentos a outras pessoas na mesma situação. O sucesso é de tal forma surpreendente que acaba por chamar a atenção das companhias farmacêuticas que, por razões económicas, começam a olhar para o Clube de Dallas como uma verdadeira ameaça ao seu império. Vencedor de vários Óscares, bem como globos de ouro, este é um filme a não deixar de ver. Este blog aconselha!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Página-a-página #160

«A maior dádiva que podemos oferecer a nós próprios é o compromisso de vivermos a nossa vida de forma autêntica. Sermos verdadeiros para connosco, porém, não é tarefa fácil. Precisamos de nos afastar das seduções da sociedade e viver a vida à nossa própria maneira, seguindo os nossos próprios valores e alinhados com os nossos sonhos originais. Precisamos de aceder aos nossos eus ocultos; explorar as esperanças profundamente enraizadas e invisíveis, os desejos, forças e fraquezas que fazem com que sejamos quem somos. Temos de entender onde estivemos e saber para onde nos dirigimos. Cada decisão que tomamos, cada passo que damos, deve estar de acordo com o nosso compromisso em vivermos uma vida que seja verdadeira, honesta e autêntica para connosco e apenas connosco. E à medida que vamos prosseguindo, podemos ter a certeza de experiência a fortuna muito além do que poderíamos imaginar.»
As cartas secretas do monge que vendeu o seu ferrari
Robin Sharma

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Uma boa história nunca acaba #158


The man who knew infinity (2016). Biografia. Drama. Srinivasa Aiyangar Ramanujan nasceu na índia, em 1887. Já na infância, a sua inteligência excepcional deixa todos à sua volta impressionados. Por causa disso, ganha uma bolsa para o Liceu de Kumbakonam, onde desperta a admiração dos professores. Na adolescência começou, por auto-recriação, a estudar séries aritméticas e séries geométricas e com apenas 15 anos conseguiu encontrar soluções de polinómios de terceiro e quarto grau. Com essa idade teve acesso a um livro que marcou a sua vida: "Synopsis of Elementary Results on Pure Mathematics", a obra de George Shoobridge Carr, um professor da Universidade de Cambridge. O livro apresenta cerca de seis mil teoremas e fórmulas com poucas demonstrações, o que influenciou a maneira de Ramanujan interpretar a Matemática. Aos 16 anos fracassou nos exames de inglês e perdeu a bolsa de estudos. Sem desistir, continuou as suas pesquisas de forma autodidacta. Estudando e trabalhando sozinho, recria tudo o que já fora feito em Matemática. Mais tarde, decidiu frequentar uma universidade local como ouvinte. Os professores, percebendo as suas qualidades, aconselharam-no a enviar os resultados dos seus trabalhos para o grande matemático inglês G. H. Hardy. Em 1913, impressionado com o seu intelecto, Hardy convida-o para ir para Cambridge. Ali, apesar de todas as dificuldades de adaptação e de algum cepticismo do corpo docente, ele tornou-se professor no Trinity College e foi agraciado com o ingresso na Royal Society de Ciências. Em 1919, adoeceu com tuberculose e voltou para a Índia… Com realização e argumento de Matt Brown (“Ropewalk”), “O Homem Que Viu o Infinito” conta a história verídica de Srinivasa Aiyangar Ramanujan (1887 – 1920), um dos mais influentes génios matemáticos do século XX. Actualmente nos cinemas portugueses, este blog aconselha! 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Uma boa história nunca acaba #157


Shine (1996). Biografia. Drama. Música. Numa noite de inverno David entre num bar. Embora claramente excêntrico, ele é um excelente pianista, despertando desde logo a atenção e a simpatia de todos. A sua vida sempre foi caracterizada pelo domínio avassalador do seu pai que sempre pretendeu transformá-lo num grande pianista apesar do seu excessivo proteccionismo. Desafiando a autoridade do seu pai, aceita um convite para ir estudar para Londres. Apesar de toda a sua genialidade David tem bastantes dificuldades de adaptação o que lhe transforma a vida num caos. Entre o estudo da música e a dificuldade de saber encontrar um rumo claro para a sua vida tem um colapso, o que o obriga a voltar ao seu país, onde passa a viver num hospício. Contudo uma nova amizade surge e muda, definitivamente, o rumo dos acontecimentos. Baseado em acontecimentos reais este filme conta a história de David Helfgott, um dos grandes pianistas do seu tempo. Este blog aconselha!

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Uma boa história nunca acaba #156


Now you see me 2 (2016). Acção. Aventura. Comédia. Um ano após os eventos relatados no primeiro filme, em que arrebataram o público ao mesmo tempo que conseguiram enganar o FBI, os Quatro Cavaleiros regressam aos palcos. Obrigados a agir sob as ordens do excêntrico e mal-intencionado Walter Mabry, um magnata da tecnologia, têm de encontrar um modo de se protegerem. Com as suas "performances" de ilusionismo ao estilo Robin dos Bosques, cujo objectivo principal é beneficiar os mais fracos, Daniel, Jack, Merritt e Lula reúnem-se mais uma vez para um grande número de magia que promete ser o mais espetacular de sempre. E com o qual tencionam revelar ao mundo as verdadeiras intenções de Mabry… Sequela do filme realizado em 2013 por Louis Leterrier, uma história repleta de acção onde a ilusão é soberana, agora com a assinatura de Jon M. Chu. Mais um filme para os adeptos da magia. Este blog aconselha!

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Página-a-página #159

«Cada pessoa que se atravessa na sua vida tem uma lição para lhe ensinar e uma história para contar. Cada pessoa com quem se cruza no decorrer dos momentos que perfazem os seus dias está a oferecer-lhe uma oportunidade para mostrar um pouco mais da compaixão e cortesia que definem a sua humanidade. Porque não começa a aproveitar os seus dias para revelar todo o verdadeiro potencial que possui e fazer os possíveis por melhorar o mundo à sua volta? A meu ver, o seu dia valerá a pena se, no seu decurso, conseguir obter um sorriso, nem que seja de uma só pessoa, ou desanuviar o espírito, nem que seja de um só estranho. A gentileza é pura e simplesmente a renda a pagar pelo espaço que ocupamos neste planeta.»

Quem chorará por mim?
Robin Sharma

domingo, 5 de junho de 2016

Uma boa história nunca acaba #155


Cold Mountain (2003). Aventura. Drama. Romance. Baseado no romance homónimo de Charles Frazier, este filme é um épico que conta a história de Inman, um soldado ferido durante a Guerra Civil Americana que tenta regressar a casa, nas montanhas da Carolina do Norte, onde a sua amada, Ada, o espera. É uma viagem arriscada, em que Inman vai ter de lutar pela sua sobrevivência. Ada, por seu turno, tenta gerir e proteger a quinta do pai com a ajuda de Ruby. É uma história de amor em tempo de guerra, uma guerra que dilacerou a América e cujas feridas ainda não sararam na totalidade. Para quem gosta deste tipo de filme, aqui fica a sugestão!

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Uma boa história nunca acaba #154


Testament of Youth (2014). Biografia. Drama. História. Inglaterra, 1914. Vera Brittain é uma jovem inteligente e de espírito livre que anseia ingressar na Universidade de Oxford. Contra os preconceitos de uma sociedade profundamente conservadora, ela está determinada a tornar-se escritora e dar livre curso à sua imaginação. Apesar de incompreendida pelos progenitores, Vera é encorajada pelo irmão e pelo melhor amigo dele, o brilhante Roland Leighton, que está apaixonado por ela e que partilha o sonho de um dia se tornar também escritor. Mas os sonhos de Vera de ir para a universidade com Roland terminam com o declarar da Primeira Grande Guerra, que reclama a participação de todos. Assim, enquanto ele se alista no exército, ela voluntaria-se como enfermeira. Mas à medida que Vera se vai aproximando da frente de combate e deparando com as maiores atrocidades, vai-se dando conta do quanto a dor e o sofrimento são inúteis. Um filme que foi adaptado de um dos grandes best-sellers acerca da Grande Guerra e que vale a pena ver. Este blog aconselha!

sábado, 28 de maio de 2016

Página-a-página #158

«Cada vez mais, o mundo parece destinado a deprimir-nos. A felicidade não é benéfica para a economia. Se estivéssemos felizes com o que temos, por que razão precisaríamos de algo mais? Como é que se venderia um creme anti-rugas, se ninguém se preocupasse com o facto de envelhecer? Como é que se convence alguém a votar num partido político? Fazendo com que se fique preocupada em relação à imigração. Como é que a levamos a fazer um seguro? Fazendo com que fique preocupada com tudo o que pode acontecer. Como é que a convencemos a fazer uma cirurgia plástica? Salientando os defeitos físicos dela. Como é que a levamos a assistir uma série televisiva? Fazendo com que pense que é absolutamente imperdível e que toda a gente a vê. Como é que se convence alguém a comprar um novo smartphone? Fazendo com que ache que o seu telemóvel já está obsoleto. 
Ser uma pessoa serena, satisfeita com a nossa existência, sem necessidade de estar constantemente a "melhorá-la", tornou-se uma espécie de acto revolucionário. Não é nada bom para a economia se nos sentirmos confortáveis com a grande confusão humana que somos.
Porém, não temos outro mundo onde viver. Mas basta analisar tudo com mais atenção para percebermos que o mundo da publicidade e dos objectos não representa a vida real. A vida é feita de outras coisas. A vida é o que resta depois de afastarmos toda essa porcaria ou, pelo menos, quando conseguimos ignora-la durante algum tempo.
A vida são as pessoas que nos amam. Ninguém vai escolher ficar vivo por causa de um iPhone. O que interessa são as pessoas que contactamos através do iPhone. 
E quando iniciamos a recuperação, quando começamos a viver outra vez, fazemo-lo com uma nova perspectiva. Tudo se torna mais claro. Ganha-se consciência de coisas de que não nos apercebíamos antes.»
Razões para viver
Matt Haig

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Histórias com história #15


The catch (2016-). Esta série é um thriller centrado em Alice Martin, uma mulher de sucesso que investiga fraudes e será ela própria vítima de uma, cometida pelo seu noivo. Alice procurará, enquanto resolve os seus casos, encontrar o noivo antes que ele destrua a sua carreira. Uma série que ainda está na primeira temporada e que já promete bastante; cada episódio sugere uma nova reviravolta no enredo. Este blog aconselha bastante!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Página-a-página #157

«Um dia irás sentir uma alegria correspondente a esta dor. Vais chorar lágrimas de euforia num concerto dos Beach Boys, vais ficar a olhar para a cara de um bebé enquanto ela dorme no teu colo, vais fazer bons amigos, vais comer pratos deliciosos que ainda não experimentaste, vais ser capaz de olhar a paisagem de um ponto alto sem avaliares as possibilidades de morreres da queda. Há livros que ainda não leste que te vão enriquecer, filmes a que vais assistir enquanto comes enormes pacotes de pipocas, e vais dançar, rir, fazer amor e correr ao longo do rio, conversar pela noite dentro e rir até te doerem os maxilares. A vida está à tua espera. Até podes ficar preso neste sítio durante algum tempo, mas o mundo não vai desaparecer. Aguenta-te aí se conseguires. A vida vale sempre a pena.»

Razões para viver
Matt Haig

terça-feira, 17 de maio de 2016

Página-a-página #156

«-primeiro foram as mãos, as pontas dos dedos... não é que fosse assim de ficar transparente no corpo como eu agora estou mesmo a ficar, e vê-se... no inicio, as mãos é que ficaram mais leves... e as dores de estômago desapareceram...
Odonatos virou as mãos para si mesmo e falava olhando só para elas
-um homem, quando fala dele mesmo, fala das coisas do inicio... como as infâncias e as brincadeiras, as escolas e as meninas, a presença dos tuas e as independências... e depois, coisa de ainda há pouco tempo, veio a falta de emprego, e de tanto procurar e sempre a não encontrar trabalho... um homem para de procurar para ficar em casa a pensar na vida e na família. no alimento da família. para evitar as despesas, come menos... um homem come menos para dar de comer aos filhos, como se fosse um passarinho... e aí me vieram as dores de estômago... e as dores de dentro, de uma pessoa ver que na crueldade dos dias, se não tem dinheiro, não tem como comer ou levar um filho ao hospital... e os dedos começaram a ficar transparentes... e as veias, e as mãos, os pés, os joelhos... mas a fome foi passando: foi assim que comecei a aceitar as minhas transparências... deixei de ter fome e me sinto cada vez mais leve... estes são os meus dias...»
Os transparentes
Ondjaki

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Página-a-página #155

«tocou à campainha duas vezes
-dom Paulo, sou eu
-eu quem?
-o Carteiro. toco sempre duas vezes, ainda não tinha reparado?
PauloPausado, de rosto ensonado, toalha na cintura e cabelos húmidos, convidou-o a entrar
o Carteiro adorava entrar naquele apartamento com cheiros de intensos, algumas até com um conjunto deles ainda aceso a fazer desenhos na manhã como fumos esguios a imitar bailarinas orientais
-dom Paulo, isso é só de cheiro ou ainda tem assim uns feitiços internacionais?
-só de cheiro, dom Carteiro, o feitiço é coisa de cada um
-como assim?
-o feitiço é a crença de cada um. se você acreditar que o incenso tem feitiço, pode ser que tenha
-só assim? tipo de inventar mesmo?
-ya, tipo de inventar, como a vida. você quer ver, acaba por acontecer
-ah, mas não é bem assim, dom Paulo, eu ando a querer ver e até ando a querer uma mota, e ainda não apareceu
-tudo demora
(...)»
Os transparentes
Ondjaki

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma boa história nunca acaba #153


Burnt (2015). Comédia. Drama. Quando era ainda muito jovem, o "chef" Adam Jones conheceu a fama, a fortuna e um reconhecimento internacional que lhe valeu duas estrelas Michelin. A promissora carreira que se avizinhava colapsou quando, por fraqueza e excesso de vaidade, Adam se deixou levar pelo consumo de drogas. Agora, para refazer a sua vida pessoal e profissional, decide começar do zero em Londres, na esperança de abrir um restaurante que arrebate os clientes e o faça ser merecedor de mais uma estrela Michelin. Mas, para que isso se torne realidade, precisa de uma equipa de sonho que esteja tão motivada como ele e que consiga corresponder às expectativas… Mais um filme sobre culinária que retrata também alguns obstáculos que por vezes se interferem nas nossas vidas quotidianas. Este blog aconselha!

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Página-a-página #154

«A poesia, diz-me ele, transfigura o universo e faz emergir a realidade descrita com a absoluta precisão da ambiguidade. Nunca li um bom verso que não voasse da página em que foi escrito. A poesia é um dedo espetado na realidade.
Um poeta é como quem sai do banho e passa a mão pelo espelho embaciado para descobrir o seu próprio rosto.
Era isto que ele me dizia. Eu limpava os espelhos na esperança de me sentir assim, tentava desembaciar a vida, como o poeta dizia que tínhamos de fazer, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso. Sei que é um trabalho árduo, há demasiado vapor a tornar a vida pouco nítida, desfocada. Mas vou insistir.
O poeta dizia que os versos libertam as coisas. Que quando percebemos a poesia de uma pedra, libertamos a pedra da sua "pedridade". Salvamos tudo com a beleza. Salvamos tudo com poemas. Olhamos para um ramo morto e ele floresce. Estava apenas esquecido de quem era. Temos de libertar as coisas. Isso é um grande trabalho. Sei que muitas mudanças na minha vida aconteceram graças a ele.»


Vamos comprar um poeta
Afonso Cruz

sábado, 7 de maio de 2016

Divulgando #40


Humans of New York começou como um projecto fotográfico de Brandon Stanton em 2010. O objectivo inicial era fotografar 10,000 new Yorkers na rua e criar um catálogo exaustivo dos habitantes da cidade. Pegando nestas fotos e juntando-lhes um pouco da história de cada um, estes retratos tornaram-se num blog com bastante visibilidade. Nos últimos cinco anos, também se expandiu para histórias de mais de vinte países diferentes. O trabalho também é destaque em dois best-seller: Seres humanos de Nova York e humanos de New York: Histórias. Este blog aconselha a verem o vídeo que se encontra abaixo e finalmente a darem uma vista de olhos no site oficial.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Página-a-página #242

«Não sei se é das injecções, se é da pintura. Tenho pensado que a arte é o lugar mais próximo desse desconhecido que nos atormenta e se fecharmos a alma ao visível conseguimos abri-la a outras dimensões. Parece haver em nós uma memória de outros lugares, doutras realidades, fala-se em déjà vu, naquele inquietaste já estive aqui, mas só o artista pode captar alguma coisa dessa estranha emoção nas suas telas, nos seus textos, nas suas composições musicais.»
A trança de Inês
Rosa Lobato de Faria

quarta-feira, 27 de abril de 2016

TAG: Realmente devia...



1 - Um livro que realmente devia ter uma continuação.
Para mim um livro que devia ter uma continuação, das duas uma, ou o final não me convenceu, ou o livro em si foi tão bom que não deveria acabar. Para o primeiro caso escolho o livro "Crónicas de um pássaro de corda" de Haruki Murakami. O seu final, na minha opinião, não fez jus ao desenvolvimento do livro. No segundo caso talvez "O pintassilgo" de Donna Tartt. Não é que o livro seja pequeno, porque não é, mas depois de quase mil páginas parece que o livro sabe a pouco, queremos ler mais e mais e mais...

2 - Um livro ou uma série que realmente devia ter uma série spin off.
Hmmm, esta é mais complicada... Talvez a trilogia dos livros esquecidos de Carlos Ruiz Záfon. Adoraria explorar um pouco do mundo de cada uma das personagens dos três livros.

3 - Um autor que realmente devia escrever mais livros.
Para esta pergunta escolho Donna Tartt pois, apesar de escrever grandes calhamaços, ainda só publicou três livros.

4 - Uma personagem que realmente devia ter ficado com outra pessoa.
Assim de repente não me lembro de nenhuma personagem em especial para esta categoria mas como li há pouco tempo o "Sputnik meu amor" de Haruki Murakami, talvez a Sumire devesse ficar o personagem principal em vez de Miu mas é uma questão discutível :p

5 - Um livro que realmente devia ter terminado de forma diferente.
Como já disse na primeira questão talvez para não me repetir vou dizer um livro diferente mas do mesmo autor, Haruki Murakami, "O impiedoso país das maravilhas e o fim do mundo". Acho que os finais deste autor deixam sempre um pouco a desejar mas também digo isto por uma questão de gostar imenso do interior do livro, ou seja, gosto tanto de acompanhar o desenvolvimento do livro que o final nunca me satisfaz.

6 - Um livro ou uma série que realmente deveria ser adaptado ao cinema.
"O circo dos sonhos" de Erin Morgenstern. Acho que seria um filme lindíssimo, com cenários de sonho, até porque todo o livro é recheado de fantasia e sonho.

7 - Um livro ou uma série que realmente devia ter direito a uma série de TV.
Eu penso que qualquer clássico deveria ter pelo menos uma adaptação ao ecrã, seja de que tipo for. Por exemplo 'Guerra e Paz' de Tolstói foi adaptado recentemente à televisão e é uma forma de dar a conhecer ao público um pouco da obra do autor. Um livro do qual eu não conheço adaptação alguma será, por exemplo, "Mrs. Dalloway" de Virgínia Wolf.

8 - Um livro que realmente devia ser apenas de um ponto de vista.
Muito sinceramente não estou a ver um livro que se encaixe nesta categoria...

9 - Um livro que realmente devia ter um mudança de capa.
A forma como eu interpreto esta questão é indicar um livro que tenha uma capa feia que não faça jus ao livro e portanto eu vou, não dizer um livro mas um autor que é o Jostein Garder. Todos os livros que tenho deste autor, salvo um ou dois, têm capas tão feias que nem dá vontade de pegar nos livros, mas ultrapassando esse pormenor, o conteúdo é bastante agradável.

10 - Um livro ou uma série que realmente devia ter mantido as capas originais.
Estou a lembrar-me por exemplo dos livros do Nicholas Sparks que mudaram recentemente de editora e que portanto também mudaram o estilo das capas e sinceramente preferia as capas da editorial Presença. As capas da ASA são sobretudo com pessoas e isso tira um certo encanto ao livro. Pessoalmente não gosto de caras de pessoas nas capas.

11 - Uma série que realmente devia ter parado no primeiro livro.
Eu não sou muito uma pessoa de séries mas ao olhar para estante reparei num livro chamado "Os herdeiros da Lua de Joana" que é a continuação de "A lua de Joana" e acho que realmente não deveriam ter tentado continuar um livro que por si só já nos enche as medidas. Acho que foi uma continuação que não acrescentou nada à história.

E pronto desta vez trouxe-vos mais uma TAG que vi há pouco num canal do youtube de uma booktuber portuguesa. Espero que gostem! Sintam-se à vontade para responderem também à TAG, até à próxima!

domingo, 24 de abril de 2016

Divulgando #39


João Cajuda está entre os bloggers de viagens mais influentes do mundo. O ator, de 32 anos, ocupa o 15.º lugar na lista publicada pela plataforma Rise, que destaca a forma como mostra as suas experiências em Bali, Indonésia, China, Marrocos e Vietname na página Travel Blog by João Cajuda. Recorde-se que, João Cajuda, que conta com 406 mil seguidores nas redes sociais, organiza também visitas guiadas a Marrocos, para que as pessoas possam vivenciar os mesmos momentos que ele. Este blog gosta de divulgar o que é português e portanto aconselha a que se dê uma vista de olhos!


domingo, 17 de abril de 2016

Uma boa história nunca acaba #152


Everest (2015). Aventura. Biografia. Drama. Inspirado nos incríveis acontecimentos envoltos na tentativa de atingir o cume da montanha mais alta do mundo, este filme documenta a inspiradora jornada de duas expedições em que todos os limites foram desafiados por uma das mais violentas tempestades de neve que a humanidade assistiu. Enquanto as suas energias são postas à prova pelos elementos mais severos no planeta, os alpinistas vão enfrentar obstáculos quase impossíveis quando uma obsessão de vida se torna uma luta pela sobrevivência. Este filme já tinha sido referido aqui no blog por diversas vezes. Para quem ainda não viu, e para os amantes da aventura, aqui fica a dica!

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Página-a-página #241

«E, cada vez mais, dou comigo a concentrar-me nessa recusa de afastamento. Porque não me interessa o que digam ou quão frequentemente ou persuasivamente o digam: ninguém poderá alguma vez convencer-me de que a vida é um brinde maravilhoso, recompensador. Porque a verdade é esta: a vida é catástrofe. O facto básico da existência - de andarmos por aqui a tentar alimentar-nos e encontrar amigos e todas as outras coisas que fazemos -é a catástrofe. Esqueçam todo esse ridículo e tonto sentimentalismo do que toda a gente diz: o milagre de um recém-nascido, a alegria de uma só flor a desabrochar, Vida, És, demasiado Maravilhosa para Te Compreendermos, etc. Para mim - e persistirei em repeti-lo até morrer, até cair de borco sobre o meu mal-agradecido rosto niilista e estar demasiado fraco para o dizer: melhor nunca ter nascido do que nascer nesta cloaca. Abismo de camas de hospital, caixões, e corações partidos. Sem libertação, sem apelo, sem "transformações", para empregar uma palavra favorita de Xandra, sem caminho para a frente a não ser a idade e a perda, e sem saída a não ser a morte.»
O Pintassilgo
Donna Tartt

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Uma boa história nunca acaba #151


The lady in the van (2015). Biografia. Comédia. Drama. A senhora Shepherd vive na sua velha furgoneta há já vários anos. Com um passado atormentado e um génio rezingão e misantropo, ela acaba por estacionar a sua viatura no quintal do escritor e argumentista britânico Alan Bennett. Mas o que era suposto ser temporário vai prolongar-se durante os 15 anos seguintes e, apesar do temperamento difícil da velha senhora, os dois vão criando fortes laços emocionais que se transformam numa amizade profunda. Aos poucos, Bennett vai conhecendo o seu passado difícil e as razões que a levaram àquele lugar. Com realização de Nicholas Hytner segundo um argumento do próprio Alan Bennett, onde relata a sua experiência com a senhora Shepherd. Um filme peculiar que vale a pena dar uma oportunidade!

sábado, 9 de abril de 2016

Página-a-página #240

«Considerar a preocupação extrema que a droga me tinha poupado - uma hora e vinte minutos de  angustia! Frenético, a telefonar para a recepção! A imaginar polícias lá em baixo! -, inundou-me com uma serenidade médica  Preocupações! Que desperdício de tempo. Todos os livros sagrados tinham razão. Claramente a "preocupação" era o sinal de uma pessoa primitiva e espiritualmente não desenvolvida. Como era aquele verso de Yeats, sobre os sábios chineses pasmados? Todas as coisas caem e voltam a ser construídas. Olhos brilhantes antigos. Isso era sabedoria. As pessoas andavam a perorar e a chorar e a destruir coisas há séculos, e a lastimarem as suas insignificantes vidas pessoais, quando... de que valia isso tudo? Toda essa dor inútil? Olhai os lírios do campo. Porque é que as pessoas se preocupavam fosse com o que fosse? Não tínhamos nós, como seres conscientes, sido postos nesta terra para sermos felizes, no breve tempo que nos estrava atribuído?»
O Pintassilgo
Donna Tartt

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Uma boa história nunca acaba #150


The Jane Austen book club (2007). Comédia. Drama. Romance. Bernadette foi casada 6 vezes e hoje vive sozinha. Jocelyn jamais se casou e está em depressão devido à morte de Pridey, o seu cão. Sylvia é casada com Daniel e tem 3 filhos, mas a sua vida está abalada pelo facto de que o marido está apaixonado por outra mulher. Allegra, filha de Sylvia e Daniel, é uma jovem gay que decide voltar para casa para servir de suporte à mãe, devido aos problemas no seu casamento. Prudie é uma jovem professora de francês, que casou-se recentemente com Dean e teve de cancelar uma aguardada viagem para Paris devido a um problema nos negócios. Grigg é um técnico nerd, que gosta de participar em convenções de ficção científica. Um dia Bernadette sugere a criação do clube do livro "Sempre Austen o Tempo Todo", dedicado aos livros da escritora Jane Austen, alegando que ela é perfeita para curar os males do mundo. Jocelyn, Allegra, Prudie, Sylvia e Grigg aceitam fazer parte dele, o que faz com que todos os meses o grupo se reúna para discutir um dos livros da escritora. Este é sem dúvida um filme para quem gosta de Jane Austen mas mais do que isso, um filme para quem gosta de literatura! Faz-nos sonhar em ter o nosso próprio clube de leitura. Sem dúvida que este blog aconselha!

sábado, 2 de abril de 2016

Abril #29

          Hoje não te consigo escrever. O corpo não deixa muito mais do que permanecer no mesmo lugar onde estou. O mundo parou e as palavras esmoreceram. Não te consigo escrever. Mas é Primavera, e deixar o corpo no Inverno é congelar a alma no antigo. 

         Peguei, então, num retrato teu, gasto pelas minhas mãos nele, e levei-o ao coração. Inspirei toda a força que me resta para permanecer nesta nossa distância. Inspirei, profundamente. E numa folha em branco despejei toda a saudade que acumulei durante estes longos dias de frio. Não em palavras, que já não tas sei dizer. Não em palavras, que já tas mandei, pelo vento, vezes de mais. Desenhei-te. Simplesmente. Traço a traço, como se tocasse no teu rosto. Conheço toda a tua fisionomia, a minha mão já desliza em papel plano desenhando cada curva do teu rosto. Foi o melhor desenho que já vi, olhavas fixamente para mim, como eu queria. E olharás, infinitamente, nesta imagem que és tu e que resultou de mim. Estou feliz.

Alexandra Oliveira Villar

sexta-feira, 18 de março de 2016

Divulgando #38


O Dream Careers foi fundada em fevereiro de 2000 e recebeu o seu programa de estágio inaugural na Universidade de Santa Clara. O primeiro programa foi composto por 73 estudantes universitários motivados das principais universidades em todo o país, todos olhando para melhorar a sua experiência académica com um estágio competitivo. Após o primeiro verão, a palavra começou a  espalhar-se sobre o impacto de mudança de vida do programa, e a empresa continuou a expandir as suas localizações de programas para fomentar os sonhos de carreira dos estudantes que têm ambições para trabalhar nas principais cidades ao redor do mundo. Até à data, o Dream Career opera em 11 cidades de todo o mundo, tem uma rede de 5.000 empregadores que oferecem experiência de trabalho desafiador, e permitiu que 13.000 estudantes para ir atrás de suas carreiras de sonho.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Uma boa história nunca acaba #149


The Illusionist (2006). Drama. Mistério. Romance. No auge do Império Austro-Húngaro, no inicio do século XX, um mundo materialista e ávido por progresso vê surgir em Viena a enigmática figura de Eisenheim, O Ilusionista. Os seus espetáculos são um sucesso. Ele encanta as platéias e até a Família Real reconhece o seu talento. Mas o Príncipe Leopold comparece a uma das suas apresentações para desmascará-lo e o caminho de Eisenheim cruza-se com o da bela Duquesa Sophie Von Teschen, futura noiva de Leopold. Enquanto a paixão secreta de Sophie e Eisenheim floresce, os ciúmes do príncipe chegam ao máximo, e ele convoca o Inspetor Uhl para expor o mágico. Com a musa nos seus braços, o público aos seus pés e Uhl no seu encalço, Eisenheim prepara a última cartada, a maior ilusão, o seu inesquecível “gran finale”. Este é sem dúvida um filme para quem gosta de magia e de uma boa história. Este blog recomenda!

segunda-feira, 14 de março de 2016

Página-a-página #239

«Volta e meia, ponho-me a pensar se serei a única pessoa que passa a vida a cometer o mesmo erro vezes sem conta, ou se isso é uma característica humana. Tenderemos todos para um só pecado capital?
A ser assim, o meu é o ciúme, e é tentador interpretar esta triste coerência como uma questão de carácter. Mas o meu pai, se ainda fosse vivo, sem dúvida que protestaria. Quem é que eu me achava? Hamlet? Alguma da investigação atual na área da psicologia sugere que o carácter desempenha um papel surpreendentemente pequeno no comportamento humano. Pelo contrário, revelado-nos muito sensíveis a alterações triviais nas circunstâncias que nos rodeiam. Nesse aspeto, somos como os cavalos, se bem que menos dotados.
Não estou convencida disso. Com o passar dos anos, cheguei à conclusão de que a maneira como as pessoas reagem a nós tem menos que ver com o que fizemos e mais com quem elas são. É claro que me convém pensar desse modo. Todos aqueles miúdos na escola que foram péssimos para mim? Deviam ser pessoas profundamente infelizes!
Os estudos não sustentam o meu ponto de vista. Haverá sempre mais estudos. Mudaremos de ideias e ver-se-á que afinal eu tinha razão, até mudarmos de novo de ideias e eu voltar a estar errada.»
Estamos todos completamente fora de nós
Karen Joy Fowler

sexta-feira, 4 de março de 2016

Página-a-página #238

«Para onde deve o homem dirigir o seu pensamento para não ser considerado louco?, eis o problema colocado pelo doutor Gomperz e sobre o qual agora Theodor Busbeck tenta reflectir.
Estava ali, não apenas um problema terapêutico, dirigido s loucos, mas um problema moral, básico, que dizia respeito a todos os homens.
Um homem moral em que assuntos deve pensar? E em que assuntos não deve pensar?
Claro que a Igreja já tenta responder a esta pergunta e muito antes dos médicos que vigiam os loucos, já os padres dirigiam a sua vigilância e o seu juízo aos pensamentos, e não apenas às acções humanas. 
Não bastava responder moralmente à pergunta: que actos devo fazer? Faltava responder com a mesma consistência à questão: que pensamentos devo ter?
O doutor Gomperz possuía, assim, da loucura - embora não se atrevesse a expressa-lo - uma imagem associada à imoralidade: louco é o que age imoralmente e louco ainda é o que agindo moralmente pensa de modo imoral. A loucura seria, assim, uma pura falta de ética, momentânea, porventura, e portanto curável, ou definitiva, eterna, e portanto: incurável. (...)»
Jerusalém
Gonçalo M. Tavares

terça-feira, 1 de março de 2016

Março #28

Hoje foi o último dia deste pôr-do-sol. Ainda atravessei a ponte para roubar a luz e levá-la comigo. Queria apresentá-la ao mundo, mostrar ao mundo o meu refúgio da alma. Infrutiferamente. Voltei e fui sentar-me a ouvir a música da cidade. Contemplativamente. Beber de cada uma das palavras dos seus poetas. Os poetas são seus, e ela é a própria música. Dela guardo duas palavras que carregarei cada vez que a pronunciar: luz e música.

E a despedida não é nada quando de ti levo uma parte, agora, parte integrante de mim. Talvez um dia volte e, talvez, encontre as mesmas ruelas em que, sob o luar da noite, me perdia. Queira Deus que um dia ainda seja a mesma cidade. Com a mesma luz e com a mesma música.

Levo em mim um pouco da minha cidade. Espalhá-la-ei pelo mundo. E, em breve, o mundo será a minha cidade.


Alexandra Oliveira Villar

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Uma boa história nunca acaba #148


The Danish girl (2015). Biografia. Drama. Romance. Dinamarca, década de 1920. O casal Einar e Gerda Wegener são dois pintores reconhecidos. Um dia, por mero acaso, a rapariga que Gerda contratou para retratar nas suas pinturas cancela o encontro. Sem alternativa, lembra-se de usar o próprio marido como modelo. Ele acede ao seu pedido. Será naquele momento que ele, usando roupas de mulher, sente nascer dentro de si algo que, com o passar do tempo, se transformará no mais intenso desejo da sua vida: ser mulher. Se, ao princípio, isto lhes parece a ambos uma espécie de jogo, aos poucos leva-o a uma lenta transformação numa outra pessoa, que o obriga a viver uma vida dupla enquanto Einar ou Lili – o nome adoptado na sua “persona” feminina. Até que ele decide arriscar uma cirurgia experimental na Alemanha para mudar de sexo, tornando-se na primeira pessoa a submeter-se a uma intervenção do género. Ao longo de dois anos, Lili Elbe foi operada cinco vezes. No final deste processo, solicitou ao rei da Dinamarca que dissolvesse o seu casamento. O pedido foi concedido em 1930, altura em que conseguiu ver legalizada a sua nova identidade. Durante todo o processo, Gerda esteve sempre ao seu lado… Sem dúvida um filme tocante, perturbador e que merece, na minha opinião, a nomeação para os Óscares. Muito bom. Recomendo!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Uma boa história nunca acaba #147


Room (2015). Drama. Com apenas cinco anos de idade, Jack não faz ideia de que o quarto onde sempre viveu é o lugar onde a mãe tem sido mantida prisioneira durante os últimos sete anos. Apesar de a criança ser fruto de uma violação, ele tem sido a força que tem mantido a rapariga viva. Com esforço, ela tenta, de todas as formas, proporcionar-lhe uma vida “normal”, fazendo Jack acreditar que aquele lugar é o mundo inteiro e que o que vêem através do ecrã da televisão nada mais é do que uma fantasia. Quando o captor os informa de que foi despedido e que em breve deixará de poder trazer-lhes mantimentos, a mãe entra em pânico. Decidida a encontrar um modo de garantir a sobrevivência de Jack, arranja uma forma de ele escapar. E é assim que ele informa a polícia e ela é encontrada e libertada. Porém, quando mãe e filho se encontram fora daquele espaço, vão perceber que, de tão habituados à clausura, a liberdade pode ser quase tão aterradora como a total ausência dela… Um filme que não me deixou de todo indiferente. Penso que trata de assuntos bastante filosóficos no que diz respeito à liberdade individual de cada um. Sem dúvida que este blog recomenda!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Página-a-página #237

«-As crianças precisam é de comer - disse o mordomo, que acabara de entrar. -Para crescerem fortes.
Wilhelm agitou-se ao colo do pai. O coronel, fê-lo encostar a cabeça ao ombro. Wilhelm ficava sempre ligeiramente agitado quando via o mordomo.
-Há muitos tipos de comida - disse o coronel Mõller enquanto abanava o filho. -Um homem possui três estômagos: um na barriga, outro no peito e outro na cabeça. O da barriga, toda a gente sabe para que serve; o do peito mastiga a respiração, que é a nossa comida mais urgente. Uma morre sem ar muito mais depressa do que sem água e pão. E por fim há o estômago da cabeça, que se alimenta de palavras e de letras. Os primeiros dois estômagos do homem alimentam-se através da boca e do nariz, ao passo que o terceiro estômago se alimenta principalmente através dos olhos e dos ouvidos, apesar de usar tudo o resto de um modo mais subtil.
-Para mim - disse o mordomo -, as palavras são uma grande palermice.»

O Pintor debaixo do Lava-Loiças
Afonso Cruz

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Uma boa história nunca acaba #146


Brooklyn (2015). Drama. Romance. Este filme conta-nos a profundamente emocionante história de Eilis Lacey, uma jovem imigrante irlandesa que atraída pela promessa do sonho americano, troca a Irlanda e o conforto da casa da sua mãe, pelos bairros de Brooklyn de 1950. As iniciais saudades que a mantinham acorrentada diminuem com o surgimento de um novo romance, que impele Eilis para o encanto inebriante do amor. Mas rapidamente a sua nova vivacidade é interrompida pelo seu passado, e Eilis tem de escolher entre dois países e as vidas que cada um oferece. Pessoalmente gostei bastante de todo o cenário e época retratados. O tema deste filme é a emigração, o ter que deixar a família e os amigos para trás em busca de uma vida melhor e o ter de começar uma nova vida longe de tudo a que estamos habituados. É um tema que me diz bastante e por isso gostei muito do filme. Contudo se não se identificarem com o tema podem sempre usar a desculpa de que é um filme com muitas nomeações aos óscares. Seja como for não deixem de ver. Fica a sugestão!

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Página-a-página #236

«-Os segredos têm poder - começa Widget. - E esse poder diminui quando eles são partilhados, por isso, o melhor é guardá-los e guardá-los bem. Dividir segredos, segredos a sério, aqueles importantes, mesmo que seja só com uma pessoa, torna-os diferentes. Escrevê-los é pior, porque quem é que sabe a quantidade de olhos que os pode ver escritos no papel, por muitos cuidados que se tenha com isso. Por isso, realmente o melhor é guardares segredos quando os tens, tanto para o bem deles, como para o teu.
Em parte, esta é a razão por que existe menos magia no mundo de hoje. A magia é um segredo e os segredos são mágicos, no fim de contas. Anos após anos a ensinar e a partilhar a magia e coisas piores, descrevendo-a em livros todos pomposos que ficam cheios de pó com a idade, fê-la decrescer, tirou-lhe o poder lentamente. Talvez fosse uma coisa que estivesse destinada a acontecer, mas não era inevitável. Todos cometem erros.»
O Circo dos Sonhos
Erin Morgenstern

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Página-a-página #235

«(...) É a maior tragédia, com que o destino pode castigar o homem. O desejo de ser outro, diferente daquilo que somos: não pode arder um desejo mais doloroso no coração humano. Porque não é possível suportar a vida de outra maneira, apenas sabendo que nos conformamos com aquilo que significamos para nós próprios e para o mundo. Temos de nos conformar com aquilo que somos e de ter consciência, quando nos conformamos, de que em troca dessa sabedoria, não recebemos elogios da vida, não nos põem no peito nenhuma condecoração por sabermos e aceitarmos que somos vaidosos ou egoístas, carecas e barrigudos -não, temos de saber que por nada disso recebemos recompensas, nem louvores. Temos de suportar, o segredo é isso. Temos de suportar o nosso carácter, o nosso temperamento, já que os seus defeitos, egoísmos e avidez, não nos mudam nem a experiência, nem a compreensão. Temos de suportar que os nossos desejos não tenham plena repercussão no mundo. Temos de suportar que as pessoas que amamos, não nos amem, ou que não nos amem como gostaríamos. Temos de suportar a traição e a infidelidade, e o que é o mais difícil entre todas as tarefas humanas, temos de suportar a superioridade moral ou intelectual de uma outra pessoa.»
As velas ardem até ao fim
Sándor Márai 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Uma boa história nunca acaba #145


Mau Mau Maria (2014). Comédia. Drama. Romance. Os irmãos Pedro, António e João deparam-se com o maior desafio das suas vidas. Faustino Maria, o pai, decidiu que apenas lhes será atribuída a herança se, no prazo de sete semanas, encontrarem uma mulher com quem possam constituir família. Para o acordo ser validado, elas terão de ser bem-intencionadas, desinteressadas e, acima de tudo, boas companheiras. Pedro Maria, incapaz de conter o desespero, descobre na sua melhor amiga a aliada perfeita para encontrar a moça adequada; António Maria, o mais confiante e sedutor da família, dá início a uma verdadeira demanda para encontrar o seu par; João Maria, o mais inconsequente dos três, acaba por inesperadamente dar de caras com uma mulher que, muito possivelmente, será a solução do problema de todos. Com o relógio a contar as horas e com os dias e as semanas a passarem velozmente, cada um terá de encontrar a pessoa perfeita para que, juntos, consigam satisfazer o mais profundo desejo do progenitor: ver todos os filhos felizes e bem acompanhados na vida... Desta vez trago para aqui para o blog mais um filme português, não por achar que é um filme espectacular mas precisamente por ser um filme português, e que por isso merece destaque. Com esta chuvinha de Carnaval pode ser uma boa alternativa para uma tarde de cinema. Fica a sugestão!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Página-a-página #234

«-Era bom saber - continua, como se discutisse consigo próprio -, se existe amizade realmente? Não me refiro àquele prazer ocasional que faz com que duas pessoas fiquem contentes porque se encontraram, porque um determinado período das suas vidas pensavam da mesma maneira sobrecartas questões, porque os seus gostos são semelhantes e os seus passatempos iguais. Nada disso é amizade. às vezes, chego a pensar que essa é a relação mais forte na vida... talvez por isso seja tão rara. E o que há no seu fundo? Simpatia? É uma palavra imprópria, sem sentido, o seu conteúdo não pode ser suficientemente forte para que duas pessoas intervenham em defesa um do outro nas situações mais críticas da vida... apenas por simpatia? Talvez seja outra coisa?... Talvez exista uma pitada de Eros no fundo de todas as relações humanas? 
(...) O Eros da amizade não precisa do corpo... longe disso, incomoda mais do que o excita. Porém não deixa de ser Eros. Eros está no fundo de todos os afectos, de todas as relações humanas.»
As velas ardem até ao fim
Sándor Márai

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Página-a-página #233

«Levei o senhor Ulme a passear. Estava a chover, abri um guarda-chuva e prendi-o na cadeira de rodas, abri outro para mim. Recordei o que ele costumava dizer dos guarda-chuvas:
"Creio que o guarda-chuva é uma excelente invenção. Repare: não é um objecto que acabe com a chuva, é sim algo que evita a chuva individualmente. Não gosto dela, mas não acabo com ela, não a destruo. O guarda-chuva é uma filosofia que usamos no quotidiano. A água continua a cair nos campos, apenas evito que me estrague o penteado. É um objecto bondoso, que não magoa ninguém."
Não há muita coisa assim. »
Flores
Afonso Cruz