Estava ali, não apenas um problema terapêutico, dirigido s loucos, mas um problema moral, básico, que dizia respeito a todos os homens.
Um homem moral em que assuntos deve pensar? E em que assuntos não deve pensar?
Claro que a Igreja já tenta responder a esta pergunta e muito antes dos médicos que vigiam os loucos, já os padres dirigiam a sua vigilância e o seu juízo aos pensamentos, e não apenas às acções humanas.
Não bastava responder moralmente à pergunta: que actos devo fazer? Faltava responder com a mesma consistência à questão: que pensamentos devo ter?
O doutor Gomperz possuía, assim, da loucura - embora não se atrevesse a expressa-lo - uma imagem associada à imoralidade: louco é o que age imoralmente e louco ainda é o que agindo moralmente pensa de modo imoral. A loucura seria, assim, uma pura falta de ética, momentânea, porventura, e portanto curável, ou definitiva, eterna, e portanto: incurável. (...)»
Jerusalém
Gonçalo M. Tavares
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