segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Página-a-página #98


«-Pois bem - continuou Keating -, a isso tudo eu respondo: balelas! As pessoas lêem poesia porque fazem parte da raça humana e a raça humana arde de paixão! Medicina, direito, a banca... Estas coisas são necessárias à vida. Mas poesia, romance, amor, beleza? São estas as coisas que nos mantêm vivos! Deixem-me citar-vos um poema de Whitman:

Pobre de mim! Ó vida! E os constantes problemas que se me deparam,
Os infinitos cortejos incrédulos, as cidades repletas de loucos...
Qual o valor de tudo isto, pobre de mim, ó vida?
Resposta
A tua presença - que a vida e a identidade existem,
Que o intenso espectáculo prossiga e que tu possas contribuir um com um verso.

Keating calou-se. A classe manteve-se em silêncio, digerindo a mensagem do poema. Keating olhou à sua volta uma vez mais e repetiu:
-'Que o intenso espectáculo prossiga e que possas contribuir com um verso.'
O professor permaneceu um longo momento em silêncio e depois, calmamente e com todos os olhos cravados em si, dirigiu-se ao quadro.
-Qual será o vosso verso? - perguntou.
Seguiu-se um longo momento de silêncio. Suavemente, Keating quebrou o feitiço:
-Vamos abrir os livros na página 60 e falar da noção de Romantismo de Wordsworth.»

O clube dos poetas mortos
N. H. Kleinbaum

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