Escuta-me... Sei que nem sempre
é fácil, mas escuta-me! É um velho que to pede. Ouve o peso da idade que
carrego na minha voz. Vamos jogar à verdade...
Abre os braços e sente a brisa!
Que sentes? A brisa. Exacto! Fecha os olhos e vê o infinito! Que vês? O
infinito. Correcto. Agora respira fundo, enche o coração de frescura e corre...
Não irei perguntar o que vês nem o que sentes, ainda estás na partida do
início. Calçaste as botas da vida, avança! Caminha e descobre! Vive!
Lembra-te: em cada brisa sentes
uma brisa e em cada infinito vês um infinito. Nada mais... Não disfarces a
liberdade de brisa ou o sonho de infinito. Respira fundo, enche o coração de
frescura e corre à procura dessa tua liberdade e do teu mais profundo sonho.
Encontra-os a eles próprios! Somente liberdade e sonho. Sonho e liberdade...
Sou velho. Nem sempre a minha
memória sabe do que fala. E por vezes tenho dúvidas de eu próprio saber do que
falo. Os cabelos brancos e as barbas longas carregam consigo também a amargura
de uma vida que prometeu ser melhor. Talvez não tenhas que ouvir nada do que te
digo, ou penso que digo. Mas eu necessito de o dizer. Para que mais não seja
redimir-me perante mim próprio de não ter respirado fundo, enchido o coração de
frescura e corrido!
Menina, ouve este velho que já
viveu os anos que por aí vêm...
Alexandra Oliveira Villar
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