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«Ainda escrevi outra novela que contava a história de um homem que nunca nasceu. A mãe engravidou até morrer.O filho foi vivendo sempre dentro do útero. Aquilo era uma parábola das nossas limitações, do medo do desconhecido, de arriscar, essas coisas. Sabe, Sr. Dresner, nós vivemos todos muito abaixo do limiar possível. Vivemos na garagem de um palácio, ou numa cave, é isso que fazemos, como um feto que nunca sai do útero. Esta personagem era apenas mais um de nós que não queria sair do seu mundo para ver a luz. Era uma narrativa kafkiana.»
A boneca de Kokoschka
Afonso Cruz
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