terça-feira, 17 de junho de 2014

Página-a-página #134


«Todas as dores persistem. Todos os amores subsistem. Percebes a pungência de cada coisa? O que fica para ti não são os momentos, mas a emoção que sentiste ao viveres aquilo que acontece. Comigo não. Tudo prevalece. A recordação em estado puro: uma canção, um adeus ou a primeira frase de um livro. Ou tudo em simultâneo, como se todas as coisas e acontecimentos dialogassem entre si. A ideia da morte permanece em mim com a mesma intensidade das boas memórias (é o esquecimento que nos torna felizes). Ninguém é morto ou está morto. Ser ou estar implica existência. A morte é a ausência, já não está, já não é. Só no domínio do pensamento será ou viverá o ausente. Da vida, só a própria faz parte.»
A Persistência da memória
Daniel Oliveira

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