«-Porque é que essa vozinha obstinada dentro das nossas cabeças nos atormenta dessa maneira? - disse ele, olhando à volta da mesa. - Não será por nos recordar que estamos vivos, a nossa mortalidade, as nossas almas individuais - a que, ao fim e ao cabo, temos demasiado medo de renunciar e no entanto são o nosso maior motivo de sofrimento? Mas não é muitas vezes a dor também uma forma priveligiada de tomarmos consciência do nosso próprio eu? É uma descoberta terrivel a que fazemos em crianças ao verificarmos que somos uma parte separada do resto do mundo, que nada nem ninguém dói juntamente com a nossa boca escaldada ou joelhos esfolados, que as nossas dores e sofrimentos são só nossos. Mais terrível ainda é constatar, à medida que envelhecemos, que ninguém, por mais querido que nos seja, poderá alguma vez compreender-nos verdadeiramente.»
A História Secreta
Donna Tartt
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