Existem dois vazios nas almas. E um imenso abismo entre eles. Um é quente; o outro gélido, petrificante, vazio absoluto. Um vem nos filmes; o outro não cabe neles.
Vazio que transborda de plenitude de silêncio, conforto, sonho. Este, vi-o no fim de semana enquanto entretinha a vida nas pausas do viver. Vi-o sentada no sofá de casa ao mesmo tempo que ele acontecia no extremo oposto do globo. Vi-o e deu-me alegria. Foi o atingir do cume mais alto onde reinava silêncio, plenitude, comunhão de elementos. Entra na alma quando se enche o peito de brisas não citadinas. Era o vazio, aquele que aquecia o coração.
No fim da tarde, veio o vazio absoluto. O Outono. O dia em que a andorinha partiu rumo a sul, deixando o beiral gelado, triste, abandonado. O ninho vazio. Nesta viagem sem retorno, levou consigo a razão. Restou a dúvida, a solidão. O centro do mundo caiu naquele coração, instalou-se e aconchegou-se para intensificar o frio. A andorinha continua rumo a sul, a sua bússola já só tem uma direcção, e o centro do mundo ficou cá. Era o vazio, aquele que doía no coração.
Alexandra Oliveira Villar
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