terça-feira, 29 de abril de 2014

Página-a-página #121


«Aos 24 anos, depois de ter vivido tudo o que lhe fora permitido viver - e olha que não foi pouca coisa! - Veronika tinha quase a certeza de que tudo acabava com a morte. Por isso escolhera o suicídio: liberdade, enfim. Esquecimento para sempre. 
No fundo do seu coração, porém, restava a dúvida: e se Deus existe? Milhares de anos de civilização faziam do suicídio um tabu, uma afronta a todos os códigos religiosos: o homem luta para sobreviver, e não para entregar-se. A raça humana deve procriar. A sociedade precisa de mão-de-obra. Um casal necessita de uma razão para continuar junto, mesmo depois do amor deixar de existir, e um país precisa de soldados, políticos e artistas.
"Se Deus existe, o que eu sinceramente não acredito, entenderá que há um limite para a compreensão humana. Foi Ele quem criou esta confusão, onde há miséria, injustiça, ganância, solidão. A sua intenção deve ter sido óptima, mas os resultados são nulos; se Deus existe, Ele será generoso para com as criaturas da Terra, e pode até mesmo pedir desculpas por nos ter obrigado a passar por aqui." »
Veronika decide morrer
Paulo Coelho

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