terça-feira, 1 de abril de 2014

Abril #5

Oh tempo, vou por aqui delirando em pensamentos bastardos nesta noite em que temo o barulho silencioso do país. Fazes-me ter saudades do futuro que não vou ter oportunidade de viver. E no entretanto da minha existência vou-me dando à vida de forma mais absoluta. Vejo-me embrulhada neste breu entoando canções de revolução no tempo da espera do despertar e tenho pena de mim própria nesta cena. Para consolação, inundo os meus ouvidos de fado que não pertence a um Estado decadente. Olho pela janela o azul negrume escuro onde reina a maior das calmarias das noites. O escuro lá fora abafa qualquer palavra dita isoladamente nestas terras.


É hora de pegar nas armas e disparar palavras à cabeça. E um pouco de coragem ao coração. Atirar asas de gaivotas para os braços e dar ao homem a capacidade de pensamento voador. Está na altura de fazer do bicho, Homem. Talvez nesse amanhecer possamos ser todos mais felizes. Livres. Seria bom ver raiar a esperança nas serras iluminando estas terras ocidentais. A canção já passou na rádio, mas ninguém saiu à rua…

Alexandra Oliveira Villar

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