Oh tempo, vou por aqui delirando em pensamentos
bastardos nesta noite em que temo o barulho silencioso do país. Fazes-me ter
saudades do futuro que não vou ter oportunidade de viver. E no entretanto da
minha existência vou-me dando à vida de forma mais absoluta. Vejo-me embrulhada
neste breu entoando canções de revolução no tempo da espera do despertar e
tenho pena de mim própria nesta cena. Para consolação, inundo os meus ouvidos
de fado que não pertence a um Estado decadente. Olho pela janela o azul negrume
escuro onde reina a maior das calmarias das noites. O escuro lá fora abafa
qualquer palavra dita isoladamente nestas terras.
É hora de pegar nas armas e disparar palavras à
cabeça. E um pouco de coragem ao coração. Atirar asas de gaivotas para os
braços e dar ao homem a capacidade de pensamento voador. Está na altura de
fazer do bicho, Homem. Talvez nesse amanhecer possamos ser todos mais felizes.
Livres. Seria bom ver raiar a esperança nas serras iluminando estas terras
ocidentais. A canção já passou na rádio, mas ninguém saiu à rua…
Alexandra Oliveira Villar
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