«-Temos somente a totalidade das nossas vidas pela frente - disse ela, sonolenta, inspirando o maravilhoso cheiro morno e rançoso dele e, ao mesmo tempo, sentindo uma ondulação de ansiedade percorrer-lhe os ombros, ante aquela perspectiva: a vida adulta e independente. Não se sentia adulta. Não estava de modo algum preparada. Era como se um alarme de incêndio tivesse disparado a meio da noite e ela estivesse no meio da rua, com uma trouxa de roupa na mão. Se não estudava, então, fazia o quê? Como havia de preencher os dias? Não fazia ideia.
O segredo, disse para consigo, é ser corajosa e arrojada e fazer alguma diferença. Não era exactamente mudar o mundo, só aquela parte à sua volta. Sair para o mundo com o teu Muito Bom com Distinção em duas áreas, a tua paixão e a tua nova máquina de escrever eléctrica Smith Corona, e trabalhar no duro em... qualquer coisa. Mudar vidas por meio da arte, talvez. Escrever coisas belas. Estimar os amigos, manter-se fiel aos seus princípios, viver apaixonada e plenamente e bem. Experimentar coisas novas. Amar e ser amada, se tal coisa for sequer possível. Alimentares-te como deve ser. Coisas assim.»
Um dia
David Nicholls
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