terça-feira, 29 de abril de 2014

Página-a-página #120

«Acreditava ser uma pessoa absolutamente normal. A sua decisão de morrer devia-se apenas a duas razões muito simples, e tinha a certeza de que, se deixasse um bilhete a explicá-las, muita gente ia concordar com ela.
A primeira razão: tudo na sua vida era igual, e, -uma vez passada a juventude - seria decadência, a velhice começaria a deixar marcas irreversíveis, as doenças chegariam, os amigos partiriam. Enfim, continuar a viver não acrescentava nada; pelo contrário, as possibilidades de sofrimento aumentavam muito.
A segunda razão era mais filosófica: Veronika lia jornais, via televisão, e estava a par do que se passava no mundo. Tudo estava errado, e ela não tinha como reparar a situação - o que lhe dava uma sensação de inutilidade total.»
Veronika decide morrer
Paulo Coelho

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