segunda-feira, 30 de maio de 2016

Uma boa história nunca acaba #154


Testament of Youth (2014). Biografia. Drama. História. Inglaterra, 1914. Vera Brittain é uma jovem inteligente e de espírito livre que anseia ingressar na Universidade de Oxford. Contra os preconceitos de uma sociedade profundamente conservadora, ela está determinada a tornar-se escritora e dar livre curso à sua imaginação. Apesar de incompreendida pelos progenitores, Vera é encorajada pelo irmão e pelo melhor amigo dele, o brilhante Roland Leighton, que está apaixonado por ela e que partilha o sonho de um dia se tornar também escritor. Mas os sonhos de Vera de ir para a universidade com Roland terminam com o declarar da Primeira Grande Guerra, que reclama a participação de todos. Assim, enquanto ele se alista no exército, ela voluntaria-se como enfermeira. Mas à medida que Vera se vai aproximando da frente de combate e deparando com as maiores atrocidades, vai-se dando conta do quanto a dor e o sofrimento são inúteis. Um filme que foi adaptado de um dos grandes best-sellers acerca da Grande Guerra e que vale a pena ver. Este blog aconselha!

sábado, 28 de maio de 2016

Página-a-página #158

«Cada vez mais, o mundo parece destinado a deprimir-nos. A felicidade não é benéfica para a economia. Se estivéssemos felizes com o que temos, por que razão precisaríamos de algo mais? Como é que se venderia um creme anti-rugas, se ninguém se preocupasse com o facto de envelhecer? Como é que se convence alguém a votar num partido político? Fazendo com que se fique preocupada em relação à imigração. Como é que a levamos a fazer um seguro? Fazendo com que fique preocupada com tudo o que pode acontecer. Como é que a convencemos a fazer uma cirurgia plástica? Salientando os defeitos físicos dela. Como é que a levamos a assistir uma série televisiva? Fazendo com que pense que é absolutamente imperdível e que toda a gente a vê. Como é que se convence alguém a comprar um novo smartphone? Fazendo com que ache que o seu telemóvel já está obsoleto. 
Ser uma pessoa serena, satisfeita com a nossa existência, sem necessidade de estar constantemente a "melhorá-la", tornou-se uma espécie de acto revolucionário. Não é nada bom para a economia se nos sentirmos confortáveis com a grande confusão humana que somos.
Porém, não temos outro mundo onde viver. Mas basta analisar tudo com mais atenção para percebermos que o mundo da publicidade e dos objectos não representa a vida real. A vida é feita de outras coisas. A vida é o que resta depois de afastarmos toda essa porcaria ou, pelo menos, quando conseguimos ignora-la durante algum tempo.
A vida são as pessoas que nos amam. Ninguém vai escolher ficar vivo por causa de um iPhone. O que interessa são as pessoas que contactamos através do iPhone. 
E quando iniciamos a recuperação, quando começamos a viver outra vez, fazemo-lo com uma nova perspectiva. Tudo se torna mais claro. Ganha-se consciência de coisas de que não nos apercebíamos antes.»
Razões para viver
Matt Haig

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Histórias com história #15


The catch (2016-). Esta série é um thriller centrado em Alice Martin, uma mulher de sucesso que investiga fraudes e será ela própria vítima de uma, cometida pelo seu noivo. Alice procurará, enquanto resolve os seus casos, encontrar o noivo antes que ele destrua a sua carreira. Uma série que ainda está na primeira temporada e que já promete bastante; cada episódio sugere uma nova reviravolta no enredo. Este blog aconselha bastante!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Página-a-página #157

«Um dia irás sentir uma alegria correspondente a esta dor. Vais chorar lágrimas de euforia num concerto dos Beach Boys, vais ficar a olhar para a cara de um bebé enquanto ela dorme no teu colo, vais fazer bons amigos, vais comer pratos deliciosos que ainda não experimentaste, vais ser capaz de olhar a paisagem de um ponto alto sem avaliares as possibilidades de morreres da queda. Há livros que ainda não leste que te vão enriquecer, filmes a que vais assistir enquanto comes enormes pacotes de pipocas, e vais dançar, rir, fazer amor e correr ao longo do rio, conversar pela noite dentro e rir até te doerem os maxilares. A vida está à tua espera. Até podes ficar preso neste sítio durante algum tempo, mas o mundo não vai desaparecer. Aguenta-te aí se conseguires. A vida vale sempre a pena.»

Razões para viver
Matt Haig

terça-feira, 17 de maio de 2016

Página-a-página #156

«-primeiro foram as mãos, as pontas dos dedos... não é que fosse assim de ficar transparente no corpo como eu agora estou mesmo a ficar, e vê-se... no inicio, as mãos é que ficaram mais leves... e as dores de estômago desapareceram...
Odonatos virou as mãos para si mesmo e falava olhando só para elas
-um homem, quando fala dele mesmo, fala das coisas do inicio... como as infâncias e as brincadeiras, as escolas e as meninas, a presença dos tuas e as independências... e depois, coisa de ainda há pouco tempo, veio a falta de emprego, e de tanto procurar e sempre a não encontrar trabalho... um homem para de procurar para ficar em casa a pensar na vida e na família. no alimento da família. para evitar as despesas, come menos... um homem come menos para dar de comer aos filhos, como se fosse um passarinho... e aí me vieram as dores de estômago... e as dores de dentro, de uma pessoa ver que na crueldade dos dias, se não tem dinheiro, não tem como comer ou levar um filho ao hospital... e os dedos começaram a ficar transparentes... e as veias, e as mãos, os pés, os joelhos... mas a fome foi passando: foi assim que comecei a aceitar as minhas transparências... deixei de ter fome e me sinto cada vez mais leve... estes são os meus dias...»
Os transparentes
Ondjaki

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Página-a-página #155

«tocou à campainha duas vezes
-dom Paulo, sou eu
-eu quem?
-o Carteiro. toco sempre duas vezes, ainda não tinha reparado?
PauloPausado, de rosto ensonado, toalha na cintura e cabelos húmidos, convidou-o a entrar
o Carteiro adorava entrar naquele apartamento com cheiros de intensos, algumas até com um conjunto deles ainda aceso a fazer desenhos na manhã como fumos esguios a imitar bailarinas orientais
-dom Paulo, isso é só de cheiro ou ainda tem assim uns feitiços internacionais?
-só de cheiro, dom Carteiro, o feitiço é coisa de cada um
-como assim?
-o feitiço é a crença de cada um. se você acreditar que o incenso tem feitiço, pode ser que tenha
-só assim? tipo de inventar mesmo?
-ya, tipo de inventar, como a vida. você quer ver, acaba por acontecer
-ah, mas não é bem assim, dom Paulo, eu ando a querer ver e até ando a querer uma mota, e ainda não apareceu
-tudo demora
(...)»
Os transparentes
Ondjaki

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma boa história nunca acaba #153


Burnt (2015). Comédia. Drama. Quando era ainda muito jovem, o "chef" Adam Jones conheceu a fama, a fortuna e um reconhecimento internacional que lhe valeu duas estrelas Michelin. A promissora carreira que se avizinhava colapsou quando, por fraqueza e excesso de vaidade, Adam se deixou levar pelo consumo de drogas. Agora, para refazer a sua vida pessoal e profissional, decide começar do zero em Londres, na esperança de abrir um restaurante que arrebate os clientes e o faça ser merecedor de mais uma estrela Michelin. Mas, para que isso se torne realidade, precisa de uma equipa de sonho que esteja tão motivada como ele e que consiga corresponder às expectativas… Mais um filme sobre culinária que retrata também alguns obstáculos que por vezes se interferem nas nossas vidas quotidianas. Este blog aconselha!

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Página-a-página #154

«A poesia, diz-me ele, transfigura o universo e faz emergir a realidade descrita com a absoluta precisão da ambiguidade. Nunca li um bom verso que não voasse da página em que foi escrito. A poesia é um dedo espetado na realidade.
Um poeta é como quem sai do banho e passa a mão pelo espelho embaciado para descobrir o seu próprio rosto.
Era isto que ele me dizia. Eu limpava os espelhos na esperança de me sentir assim, tentava desembaciar a vida, como o poeta dizia que tínhamos de fazer, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso. Sei que é um trabalho árduo, há demasiado vapor a tornar a vida pouco nítida, desfocada. Mas vou insistir.
O poeta dizia que os versos libertam as coisas. Que quando percebemos a poesia de uma pedra, libertamos a pedra da sua "pedridade". Salvamos tudo com a beleza. Salvamos tudo com poemas. Olhamos para um ramo morto e ele floresce. Estava apenas esquecido de quem era. Temos de libertar as coisas. Isso é um grande trabalho. Sei que muitas mudanças na minha vida aconteceram graças a ele.»


Vamos comprar um poeta
Afonso Cruz

sábado, 7 de maio de 2016

Divulgando #40


Humans of New York começou como um projecto fotográfico de Brandon Stanton em 2010. O objectivo inicial era fotografar 10,000 new Yorkers na rua e criar um catálogo exaustivo dos habitantes da cidade. Pegando nestas fotos e juntando-lhes um pouco da história de cada um, estes retratos tornaram-se num blog com bastante visibilidade. Nos últimos cinco anos, também se expandiu para histórias de mais de vinte países diferentes. O trabalho também é destaque em dois best-seller: Seres humanos de Nova York e humanos de New York: Histórias. Este blog aconselha a verem o vídeo que se encontra abaixo e finalmente a darem uma vista de olhos no site oficial.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Página-a-página #242

«Não sei se é das injecções, se é da pintura. Tenho pensado que a arte é o lugar mais próximo desse desconhecido que nos atormenta e se fecharmos a alma ao visível conseguimos abri-la a outras dimensões. Parece haver em nós uma memória de outros lugares, doutras realidades, fala-se em déjà vu, naquele inquietaste já estive aqui, mas só o artista pode captar alguma coisa dessa estranha emoção nas suas telas, nos seus textos, nas suas composições musicais.»
A trança de Inês
Rosa Lobato de Faria