Os teus olhos são fugidios, são os olhos de um gato. Em cada olhar não demoras senão frações de vida, para que o pensamento não aprofunde. São daqueles que em cada olhar espelham a alma de quem os olham. São duros para mim. Encerram em si o mistério da existência. Olhas o mundo porque ele não te questiona. É mais fácil olhar o mundo que a própria alma. E eu em ti só vejo a minha alma. É o que me dás. Sabor amargo do amor. Não me trazes a tranquilidade porque sabes que a vida é vã. Conheces a inutilidade da labuta, o previsível fim de tudo. Resignas-te ao menos que nada que somos. Porque mesmo a reis tudo acaba. Por mais que vivas tudo acaba. E no fim, além de memórias nada levas. Os teus olhos vivem de memórias. Das memórias da minha alma.
Alexandra Oliveira Villar
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