«Se o que nos tira da cama são os nossos objectivos, vamos assumir-nos como somos e viver com isso, fazendo do jogo da vida uma coisa séria, com regras bem definidas. Hoje gritei à minha filha, menos dez pontos, amanhã levo a família a jantar fora e recupero as perdas. Medimos tudo, menos o que mais interessa. Em que ponto da montanha estarei? Em que nível, em que círculo? Abdicámos de Deus mas precisamos de um árbitro. Não sabemos sequer se a vida é queda ou ascensão, são mais as perdas pelos pecados ou os ganhos pelo que construímos?
Agora vou guardar o jogo e dormir, amanhã invento uma coisa nova, vou fazer um jardim, escrever um livro, construir um barco com fósforos, qualquer coisa que sirva, qualquer coisa que se meça e me diga que um dia é mais do que outro dia. Talvez viajemos numa estrada a caminho de lugar nenhum, mas que haja marcos que nos indiquem a distância. Quero saber o que andei e o que me falta andar, se a cidade não me agradar volto para trás com histórias para contar. Não é o sentido da vida que me preocupa, mas o meu sentido na vida.»
Debaixo de algum céu
Nuno Camarneiro
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