sábado, 28 de março de 2015

Página-a-página #187


«(...)Não tenho dúvidas de que compreende que a sobrepopulação é um problema de saúde. Mas o que receio que não compreenda é que acabará por afectar a própria alma humana. Pressionados pela sobrepopulação, aqueles que nunca pensaram em roubar tornar-se-ão ladrões para alimentar as suas famílias. Aqueles que nunca pensaram em matar irão fazê-lo para sustentar os seus filhos. Todos os pecados mortais de Dante - ganância, gula, traição, homicídio, e os restantes - começarão a infiltrar-se, vindo à superfície da Humanidade, ampliados pelos nossos confortos desaparecidos. Estamos a enfrentar uma batalha pela alma do homem.
-Eu sou bióloga. Salvo vidas, não almas.
-Bem, posso assegurar-lhe que salvar vidas vai tornar-se cada vez mais difícil nos próximos anos. A sobrepopulação gera muito mais do que descontentamento espiritual. Há uma passagem em Maquiavel...
-Sim -interrompeu ela, recitando a famosa citação. -"Quando todas as províncias do mundo estiverem tão cheias de habitantes que estes já não sejam capazes de subsistir onde se encontram nem de se deslocar para outro lugar [...] o mundo purgar-se-á."»
Inferno
Dan Brown

sexta-feira, 27 de março de 2015

Uma boa história nunca acaba #118


Ruby Sparks (2012). Comédia. Drama. Fantasia. Então é assim, imaginem que podem criar uma pessoa através da escrita, ok? Podem dar-lhe um nome, idade, perfil, história, os adjectivos que quiserem, os atributos que preferirem, praticamente tudo. Estão a pensar nisso? Parece irreal? Mágico, talvez? É exactamente sobre esta ideia que este filme assenta! Esta é a história de Ruby Sparks, uma rapariga que nasceu da imaginação de Calvin, um jovem escritor. Tudo começou quando este tentava escrever o seu segundo livro e pensou em criar uma mulher com tudo aquilo que ele gostaria que ela fosse. À medida que ia escrevendo, ia apaixonando-se pela sua criação até que um dia, como por magia, esta lhe aparece em casa, exactamente como ele a tinha imaginado... E é assim que se desenrola este filme. Na minha opinião a história está muito bem construída, é verosímil, tem momentos de comédia, momentos mais dramáticos, momentos de romance, enfim, tem um bocadinho de tudo. Até o final estava plausível e não assim tão óbvio. Gostei muito! Quando o vi só conhecia minimamente a premissa, nem sequer tinha visto o trailer e sinceramente gostei mais do que o que estava à espera! Aconselho! E para quem não se quiser aventurar como eu num filme desconhecido, aqui fica o trailer! Divirtam-se!

domingo, 22 de março de 2015

Página-a-página #186

«Quando foi capaz de se manter em pé e de dar uns passos, acompanhavam-no até à beira-mar, onde molhava os pés e se deixava acariciar pela luz do Mediterrâneo. Um dia, passou a manhã vendo algumas crianças, vestidas com andrajos e de cara suja, a brincarem na areia e pensou que lhe apetecia viver, pelo menos um pouco mais. Com o tempo, as recordações e a raiva começaram a aflorar e, com elas, o desejo, e por sua vez o medo, de regressar à cidade.
Pernas, braços e restantes engrenagens começaram a funcionar mais ou menos com normalidade. Recuperou o raro prazer de urinar ao vento, sem sentir ardores ou percalços embaraçosos, e disse a si próprio que um homem que conseguia mijar em pé e sem ajuda era um homem em condições de enfrentar as suas responsabilidades.»


O Prisioneiro do Céu
Carlos Ruiz Zafón

sexta-feira, 20 de março de 2015

Uma boa história nunca acaba #117


Notting Hill (1999). Comédia. Drama. Romance. Para muitos de vocês este filme já deve ter sido visto há bastante tempo, mas confesso que só agora o pude riscar da minha watchlist... É um clássico do género romance, é a típica história de amor entre uma celebridade e um rapaz comum que se apaixonaram e tiveram de ultrapassar alguns percalços e preconceitos para ficarem juntos. Eu pessoalmente aconselho o filme, no caso de haver outra alminha por aí que também ainda não o tivesse visto, mas claro, apenas àqueles que  apreciam um bom romance. Tem um bom enredo, uma boa caracterização dos personagens, etc. Não é, de todo, um filme daqueles que temos MESMO de ver mas é um bom filme para nos fazer companhia num domingo à tarde. Fica aqui a dica!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Página-a-página #185


«Um estranho costumava visitá-lo amiúde. Cheirava a tabaco e a água-de-colónia, dois artigos que pouca circulação naquela época. Sentava-se numa cadeira a seu lado e fitava-o com um olhar impenetrável. O cabelo era preto como alcatrão, os traços do rosto, aquilinos. Quando se apercebia de que o doente estava acordado, sorria-lhe.
-O senhor é Deus ou o diabo? - perguntou-lhe o moribundo uma vez.
O estranho encolheu os ombros, reflectindo na pergunta.
-Um pouco de ambos - acabou por responder.
-Eu, por princípio, sou ateu - informou o doente. - Ainda que, na verdade, tenha muita fé.
-Como muita gente. Agora, repouse, caro amigo. O céu pode esperar. E o inferno parece-me pequeno.»
O Prisioneiro do Céu
Carlos Ruiz Zafón

terça-feira, 17 de março de 2015

Divulgando #29

A Leya acaba de lançar a primeira aplicação gratuita dedicada exclusivamente a fãs de escritores de língua portugueses, neste caso específico ao escritor Mia Couto. Foi desenvolvida em parceria com a Info Portugal, e está disponível para iPhone, iPad e Android. Mais escritores se seguirão, promete a Leya. É a primeira aplicação em Portugal a reunir e tornar facilmente acessíveis elementos relacionados com a vida e obra de um escritor ou escritora – a sua biografia e bibliografia, a agenda de iniciativas, fotografias e vídeos -, bem como a permitir o acesso aos livros e ebooks, a citações e amostras de obras. Mais do que fornecer informação, a app permite a interacção entre os leitores e os escritores, e é uma forma de comunicação inovadora. Seguir-se-ão, nos próximos meses, as ativações de apps dedicadas a vários autores publicados por editoras da LeYa.

domingo, 15 de março de 2015

Uma boa história nunca acaba #116


Wild (2014). Drama. Biografia. Filme inspirado na autobiografia de Cheryl Strayed, uma mulher que percorreu mais de cem milhas do Pacific Crest Trail sozinha como forma de se encontrar consigo mesma e lidar com o seu divórcio e morte da sua mãe. Para quem já segue o blog há algum tempo sabe que eu já li o livro há mais de um ano e portanto já conhecia o enredo. Inclusive já tinha feito um post aqui no blog no Página-a-página. Talvez por isso não tenha gostado tanto do filme como estava à espera, demasiada expectativa, talvez. Quem segue o blog sabe também que um dos meus filmes favoritos é o Into the Wild e por isso seria de esperar que um filme como este entrasse para o meu Top mas isso não aconteceu. Não vou ser daquelas pessoas que criticam tudo o que à primeira vista parecem imitações de outros filmes porque eu dou crédito a novos filmes. Claro que o Into the Wild é e será sempre um dos meus favoritos independentemente de aparecerem outros filmes do género. Cada filme é um filme e eu só espero que continuem a fazer filmes deste género porque eu, particularmente, aprecio-os bastante. Este simplesmente não me encantou tanto como eu gostaria, talvez pelas razões que já mencionei... No entanto não deixo de o recomendar por isso vejam! Vejam , vejam, vejam! Quem sabe não se torne um dos vossos favoritos ;)

sexta-feira, 13 de março de 2015

«Avalia-se a inteligência de um individuo pela quantidade de incertezas que é capaz de suportar.» 
Immanuel Kant

quinta-feira, 12 de março de 2015

Divulgando #28


Tiii.me é um website que calcula quanto tempo gastámos a ver séries. Basta introduzirmos o nome das séries que já vimos até agora e respectivas temporadas e o site calcula automaticamente a quanto tempo seguido correspondem. Experimentem!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Uma boa história nunca acaba #115


Good Morning, Vietnam (1987). Comédia. Drama. Guerra. A história passa-se em 1965 quando Adrian Cronauer, interpretado por Robin Williams, foi um aeronauta da segunda classe que chega em Saigon recrutado para trabalhar como DJ no comendo do programa de rádio das forças armadas no país asiático. A irreverência de Cronauer contrasta fortemente com muitos funcionários e logo desperta a ira de dois dos seus superiores. Com o passar do tempo muitos começam a gostar do jeito humorístico de Cronauer conduzir as suas actividades, misturando notícias com humor e também a sua playlist introduzindo Rock and Roll, um som mais jovem para a época. Não há muito que se possa dizer sobre este filme.... É um dos clássicos de Robin Williams, que de certo não desagradará aos fans. Eu pessoalmente gostei mais de o ver como personagem do que propriamente do enredo do filme mas vale sempre a pena ver!

domingo, 8 de março de 2015

Feliz dia internacional da mulher! Sejam felizes!


5 ideias para fazer neste dia:

  • Ler um livro num jardim público.
  • Passear à beira-mar ou rio.
  • Comer um enorme gelado com tudo a que temos direito.
  • Ouvir uma boa música e dançar até nos doerem os pés.
  • Fazer um pic-nic e apanhar flores.

sexta-feira, 6 de março de 2015

TAG: A música que...


1. A música que te faz rir.
Hopleess Wanderer dos Mumford & Sons! É uma música que me deixa alegre e sempre que a oiço sorrio por dentro (hihihihi).

2. A música que te motiva.
Ok não é que esta música me dê motivação no sentido de querer fazer de mim melhor pessoa e assim. É mais motivar no sentido de me pôr em cima quando estou triste ou assim. Não sei se me fiz explicar mas a música é Not your fault dos Awolnation. Não sei explicar mas é como se fosse um grito que sai de mim :p

3. A música que te lembra daqueles que amas.
Para esta pergunta escolhi a música É isso aí na versão de Ana Carolina e Seu Jorge que é a versão brasileira da música The blower's daugther do Damien Rice.

4. A música que gostarias de ter escrito.
Esta é difícil! Vou escolher a música Silêncio e Tanta Gente interpretada por Maria Guinot. Acho a música genial! Não me importava nada de ter sido eu a escrevê-la!

5. A canção que te lembra da tua infância.
Tive dificuldade em lembrar-me de uma música para esta pergunta mas depois, quando estava a responder a uma outra pergunta, lembrei-me logo desta: Oh Mila do Netinho. Acreditem ou não, no infantário todos sabíamos esta canção de trás para a frente e de frente para trás.

6. A música ideal para um dia de chuva.
But We Did de Thomas Dybdahl. Acreditem, é a ideal!

7. A canção que admites gostar, mas com vergonha.
Opá, não é canção mas mais artista. Eu admito que gosto da Miley Cyrus, pronto. Vou escolher a música que mais gosto dela que é When I look at you.

8. Uma música que gostes de ouvir quando vais a viajar.
Eu vou responder a esta pergunta com duas respostas e vou explicar porquê. Como eu moro longe de casa, costumo fazer pelo menos duas viagens por mês, que é para casa e para o sítio onde moro portanto para esse tipo de viagens escolho a música Last Mile Home (que é perfeita btw) dos Kings of Leon e para viagens no sentido de sair do país ou ir de férias, escolho a música Here I Go Again dos Whitesnake.

9. A música com a qual gostas de acordar.
Guaranted de Eddie Vedder! Simples!

10. A música adequada para trabalhares/estudares.
Here's the thing: Eu não costumo estudar com música porque me distraio facilmente por isso vou escolher uma música que gosto de ouvir quando vou estudar, para me dar incentivo. É ela Here dos Pavement. Eu sei que é estranho mas desde que vi o filme The Art of Getting By no qual esta música aparece, que associo-a sempre ao ter de trabalhar. Talvez quem tenha visto o filme consiga perceber... Ou talvez não...

11.A música que te relembra das férias.
Para esta tenho a resposta perfeita: Just One Day de Mighty Oaks.

12. A música que te faz chorar.
Dependendo do momento podem ser bastantes! Dêm-me um rapazinho bonito a cantar uma música acústica que seja bonita e comovo-me logo! Fix you dos Coldplay é um bom exemplo! Mas não sei... depende muito da ocasião!

13.A música que adoras cantar.
Esta é fácil! Não é por acaso que a tenho como toque no meu telefone... Snow (Hey Ho) dos Red Hot Chili Pepers!!! Mas melhor ainda são as músicas dos ABBA. Qualquer uma! Desde que vi o filme Mamma mia! pela primeira vez (sim, porque já vi umas 50) que se ouvir alguma das músicas começo logo, logo a cantá-la. Dito e feito :p

14. A música com que mais te relacionas.
Para responder a esta pergunta eu vou escolher uma música que sempre achei que tinha sido escrita a pensar em mim. Obviamente que toda a gente tem uma música que pensa que foi escrita a pensar em si pelas semelhanças que tem com a vida que leva e eu não sou excepção. E obviamente que ela não foi escrita a pensar em mim, como a maioria das músicas não são a pensar em nós porque o mundo não gira à nossa volta :p A música é My Explanation dos Ez Special, que são talvez a minha banda favorita portuguesa. Não sei se a vocês a música diz alguma coisa mas a mim diz-me muito.

E pronto, é isto... hoje trouxe-vos mais uma TAG mas desta vez sobre música... Além dos livros, a música também é uma das coisas que nos mantém vivos. Espero que gostem. Já sabem que estão à vontade para responder à TAG e dizer nos comentários se conhecem alguma destas músicas e se se relacionam com alguma das perguntas. Até à próxima!

terça-feira, 3 de março de 2015

Uma boa história nunca acaba #114


«We buy things we don't need with money we don't have to impress people we don't like.»

Fight Club (1999). Drama. Muito sinceramente não sei que posso dizer acerca deste filme... Jack é um empregado numa companhia de automóveis, que sofre de insónia. O médico recusa-se a dar-lhe medicação e aconselha-o a visitar um grupo de apoio para testemunhar sofrimentos mais graves. Este torna-se viciado em grupos de apoio e em fingir-se de vítima. Mais tarde conhece Tyler Durden, um anárquico rebelde, e aí a sua vida muda drasticamente. Os dois fundam um clube de combate clandestino, em que os participantes têm de lutar entre si, onde a derrota e o vencer não têm importância, apenas o conceito de estar a infringir as regras do mundo exterior. O filme toma proporções inesperadas, com uma forte mensagem acerca da sociedade tanto na que vivemos como na ideia de sociedade ideal. Este filme é perturbador; Nele podemos encontrar romance, luta, violência, sexo, policial, filosofia, muita psicologia, sem dúvida, sei lá... Eu diria que este filme é uma distopia e encontra-se ao mesmo nível de filmes como Matrix. É sem dúvida um dos filmes para ver antes de morrer!  Este blog aconselha!


domingo, 1 de março de 2015

Um desafio por mês #28


Março #16

Na Primavera eu venho. Prometo. Prometo-te. Na Primavera eu venho para te beijar esses lábios de maresia. Prometo. Prometo-te. No raiar dessa madrugada, ver-me-ás de regresso envolta nos ares refrescantes de uma nova estação. Estarei cá, prometo, nessa manhã. Eu venho e deitar-me-ei aqui como quando nasci. Serei a mesma de sempre, com mais Primavera. Comigo.

Voltarei com as andorinhas, no regresso da Primavera, para habitar estas terras salgadas. Serei, de novo, vento do norte em searas loucas. Seremos caminho, estações, lições, amores. Serei eu Primavera, se o quiseres.

Mas hoje não. Agora irei para longe, para onde hoje for Primavera. Noutras terras, noutros mundos, noutros paradigmas. Preciso, como de água para beber, de respirar. Irei com as andorinhas habitar terras sem sabor a sal, onde agora é Primavera. Agora, irei para mim própria já que esta terra salgada é Inverno. Com as andorinhas. Prometo. Prometo-te.
Alexandra Oliveira Villar