quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Página-a-página #182

«"Você ainda é muito novo e creio que essa vida lhe agradaria." Disse que sim, mas que, no fundo, me era indiferente. Perguntou-me depois se eu não gostava de uma mudança de vida. Respondi que nunca se muda de vida, que em todos os casos todas as vidas se equivaliam e que a minha, aqui, não me desagradava. Mostrou um ar descontente, disse que eu respondia sempre à margem das questões e que não tinha ambição, o que, para os negócios, era desastroso. Voltei para o meu trabalho. Teria preferido não o descontentar, mas não via razão alguma para modificar a minha vida. Pensando bem, não era infeliz. Quando era estudante alimentara muitas ambições desse género. Mas, quando abandonei os estudos, compreendi muito depressa que essas coisas não tinham verdadeira importância.»
O estrangeiro
Albert Camus

Sem comentários:

Enviar um comentário