quinta-feira, 1 de maio de 2014

Maio #6

É novamente fim de dia e eu sento-me no banco de jardim do miradouro mais alto da cidade. Sento-me, recosto-me e respiro. Respiro. Respiro. Lenta e compassadamente. É novamente fim de dia e a cidade sabe-o. Vai adormecendo com luz dourada nos olhos e brisa fresca no corpo. É mulher em deleite sobre as areias da rebentação, onde o mar é horizonte azul de céu e as dunas são braços das lezírias deste país.
            Embalada pelos sons do músico que se embriaga com esta despedida solar, deambulo pelas ruas do meu coração. A cada recanto há um poema feito mulher que vive ao som de um fado, cada desaguar de águas é nascente de um mar aquecido pelo anoitecer da Primavera. É novamente fim de dia e a frescura do Verão que aí vem é cais da nova vida que almejo.

            Também eu, minha cidade, sou visitante estranha nas ruas que nasceram comigo.

Alexandra Oliveira Villar

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