« Bem-vindo. E parabéns. Ainda bem que chegou até aqui. Não foi fácil,
eu sei. Para dizer a verdade, suspeito mesmo que terá sido um pouco mais
difícil do que pensa. Em primeiro lugar, para que o leitor esteja aqui agora, foi preciso que
triliões d e átomos errantes tenham conseguido juntar-se, numa dança
intrincada e misteriosamente coordenada, de forma a criá-lo a si. Trata-se de
uma combinação tão única e especializada que nunca foi feita antes, e só vai
existir desta vez. Durante muitos anos futuros (esperemos), estas partículas
minúsculas irão dedicar-se sem qualquer queixume aos biliões de hábeis e
articulados esforços necessários para o manter intacto e deixá-lo desfrutar da
experiência supremamente agradável, mas geralmente subestimada, a que
chamamos existência. A razão pela qual os átomos se dão a este trabalho não é lá muito
clara. A nível atómico, ser o leitor não é propriamente compensador. Ou seja,
apesar da atenção que lhe dedicam, os átomos não se preocupam consigo
— na verdade, nem sequer sabem que você existe. Nem mesmo que eles
próprios existem. Nada mais são do que partículas sem consciência, e nem
sequer têm vida própria. (Não deixa de ser ligeiramente impressionante
pensar que, se você tentasse dissecar-se a si próprio com uma pinça, átomo
a átomo, nada mais iria conseguir do que um monte de fina poeira atómica,
da qual nem um grão alguma vez tivera vida, mas que, toda junta, era você.)»
Introdução
Breve história de quase tudo
Bill Bryson