segunda-feira, 25 de junho de 2012

Página-a-página #20


«Mas... Senhora Dona Ciência, o seu nariz é curto. E os seus olhos não vão mais longe do que a ponta do seu nariz: As suas descobertas... não foram feitas por si. Os seus códigos são provisórios - como sabe. As suas explicações não provam nada, porque de resto nada se prova. E pior é que nem explicam! Se eu for capaz de ver, tão real e perfeitamente como vejo o meu próprio corpo, o corpo duma pessoa inexistente ou desaparecida, - que me explica a ciência chamando a isso uma alucinação? E como me prova que essa pessoa que eu vejo não existe? É por meio dos sentidos do meu corpo que me apercebo do meu corpo.E é também por meio dos sentidos do meu corpo que me apercebo desse outro corpo... irreal. E que me importa que qualquer pessoa presente não possa ver esse fantasma (chamemos-lhe assim) que estou vendo? Essa outra pessoa e eu não estamos no mesmo instante: Ela não vê agora o fantasma que eu vejo - como não vê agora as pessoas com quem eu ontem falei(...).»

Páginas de Doutrina e Crítica da Presença
Textos de José Régio

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