Mudemos de assunto, meu amor! Sabes que não me é
fácil falar. Dói-me pensar nos génios inovadores desta Lusitânia que por pânico
ao clássico inventam falsos portugais. Não sou velho do Restelo, bem sabes
disso. Mas tenho medo de algumas partidas. Principalmente as que não têm
retorno. Soubesse o rei Sebastião que não voltava talvez nunca tivesse partido.
Temo hoje pela língua portuguesa!
Essa língua que foi cantada, romanceada,
proclamada e enamorada. Poetas, escritores e trovadores. Homens, mulheres e
amantes. A mesma que de a ler nos enche o peito de mar e lezíria. Que nos
saboreia os lábios ao pôr do sol atlântico. Temo que lhe mudem a identidade e
que passe eu a falar com outra alma. Temo que venham a não me entender. Não foi
a diáspora suficiente para vencer a tua morte, triste língua!
Choro a leviandade da não sapiência e o orgulho do
erro. Choro o teu próprio fado. Choro os teus filhos. Fere-me, mais que os
olhos, a alma como te escrevem. Pena o teu povo dar-te de beber água salgada!
Triste língua, triste povo!
Alexandra Oliveira Villar
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