« Ao fim de cinquenta anos de discussões entre amigos e de conversas animadas durante jantares, continuo a espantar-me com o pouco interesse das pessoas cultas pelas questões cientificas. Nos meios intelectuais mais eruditos dificilmente se reconhece ter poucos conhecimentos de filosofia ou literatura, mas confessa-se com toda a naturalidade não perceber patavina de matemática ou de ciências. Conhecem-se os nomes Galileu e Newton, mas ignora-se frequentemente o que descobriram. Mais prosaicamente, servimo-nos quotidianamente de aparelhos mais ou menos sofisticados - do frigorífico ao telemóvel, passando pela fotocopiadora e pelo televisor - sem termos a mínima ideia de como esses aparelhos funcionam. Enfim, é frequente ouvirmos dissertar sobre os riscos da energia nuclear gente brilhante, formada nas melhores faculdades, que seria sem dúvida incapaz de explicar como funciona uma reacção em cadeia numa pilha atómica.
Este desinteresse das pessoas cultas pelas ciências não incomoda ninguém, mas esta indiferença continua a espantar-me.
(...)»
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