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«É verdade que a adrenalina é viciante. No Oregon havia alguns rapazes finalistas que estavam muito confortáveis na sua desgraça. A felicidade é fugidia, escorre por entre os dedos, mas aos problemas é possível agarrarmo-nos, são dotados de apoio, são ásperos, duros. Na academia, cultivava o meu próprio romance russo: eu era má, impura e perniciosa, enganava e feria quem mais gostava de mim, a minha vida já estava completamente lixada. Nesta ilha, ao invés, quase sempre me sinto boa, como se ao mudar de paisagem também tivesse mudado de pele. Aqui ninguém conhece o meu passado, salvo Manuel. As pessoas confiam em mim, acham que sou uma estudante de férias que veio auxilia Manuel no seu trabalho, uma rapariga ingénua e equilibrada, que nada no mar gelado e joga futebol como um homem, uma gringa um bocado tontinha. Não penso defraudá-los.»
O caderno de Maya
Isabel Allende
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