terça-feira, 25 de novembro de 2014

Página-a-página #160

«Morreu-lhe o pai já a Isaura ia com trinta anos de idade. Um dia, morreu. Foi como se o silêncio se intensificasse. Não pesava mais na surdina das coisas. Elevou-se de si como fantasiara a Isaura tantas vezes, largado na temperatura do ar e mais nada. Quem morre, pensou ela, fica largado na temperatura. Quase sorriu como se sonhasse consigo mesma. Foi a enterrar, e disseram sobre ele as banalidades que eram coisa nenhuma e que já não importavam.Ela sentou-se ao pé da sua terra e lembrou-se de como ele lhe perguntava o que tinha, e de como ela dizia que era assim. Pensou que não sabia como era. Como se o confessasse de uma vez por todas ao pai, enfim, morto.»
O filho de mil homens
Valter Hugo Mãe

Sem comentários:

Enviar um comentário