sábado, 1 de novembro de 2014

Novembro #12

É um dia triste. Chove torrencialmente há bastantes horas. Suficientes para me fazerem a mim chorar. Choro por ver chuva a cair, cai agora dos meus olhos. Encosto o rosto ao vidro e entranho aquele frio que me inverna, a desolação invade-me a cara, congela-me o pensamento.
As ruas são tempestades da minha falta de vontade, sopram contra folhas de inverno de poemas pouco afortunados. Talvez seja eu o poeta de tais palavras miseráveis. Talvez… Abandono o calor desta vida e entrego-me em alma a este ambiente tão pouco diferente da tempestade que me consome. O vento traz as gotas de água na minha direcção, e o que mais anseio é que me toquem a boca. Estou despida no meio da rua entregando o corpo à chuva. Estendo os braços e entro em rodopio com o vento. Rodo livremente, à chuva. Rodo e rodopio. Espero que a água que me crava o corpo hoje faça nascer vontade em mim.
Aguento. Resisto. Sozinha. Cerro o punho, mordo o lábio para fazer da dor, força. Resisto mais um dia. Aguento outro. Cerrando o punho e mordendo o lábio. São assim os meus dias, tristes como esta tempestade. E a minha alma está parecida a este dia…


Alexandra Oliveira Villar

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