quarta-feira, 26 de junho de 2013

Página-a-página #46


«Entretanto, descobri por experiência própria que algumas vezes a companhia mais doce e terna, a mais inocente e animadora, pode encontrar-se em qualquer objecto natural, mesmo pelo pobre misantropo e o mais melancólico dos homens. Não pode haver melancolia muito negra para quem vive em plena Natureza e mantém os sentidos serenos.»

«O mundo inteiro que habitamos não é mais do que um ponto no espaço. A que distância acreditais que moram os dois habitantes mais afastados daquela estrela, cuja amplitude do disco não pode ser medida pelos nossos instrumentos? Porque me haveria eu de sentir só? Não está o nosso planeta na Via Láctea? A pergunta que me fazeis não me parece a mais importante. Que tipo de espaço é o que separa um homem dos seus semelhantes e o torna solitário? Descobri que nenhum movimento das pernas pode aproximar muito uma mente da outra. Preferimos viver perto de quê?»

«Nunca encontrei companhia que fosse tão companheira como a solidão. Na maioria das vezes somos mais solitários quando circulamos entre os homens do que quando permanecemos no nosso quarto. Um homem enquanto pensa e trabalha está sempre sozinho, onde quer que esteja. Não se mede a solidão pelas milhas do espaço que distam um homem dos seus companheiros.»
Solidão
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

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