sexta-feira, 28 de junho de 2013

Página-a-página #51


«O dia é um resumo do ano. A noite é o Inverno, a manhã e a tarde são a Primavera e o Outono, e o meio-dia é o Verão.»

«Que é o homem senão um aglomerado de barro a derreter-se? A ponta do seu dedo não passa de uma gora congelada.»

«Seriamos abençoados se vivêssemos sempre no presente e lucrássemos com tudo o que nos acontece, como a relva que reconhece a influência do mais leve orvalho que a molha; se não desperdiçássemos o nosso tempo expiando pela perda de oportunidades passadas, julgando cumprir o nosso dever. Demoramo-nos no Inverno quando já é Primavera. Numa agradável manhã primaveril todos os pecados dos homens são perdoados. Um dia como este é uma trégua no vício. Enquanto continuar a arder um sol como este, pecador mais vil pode voltar atrás.»

«A compaixão é uma base pouco sustentável. Deve ser rápida. As suas suplicas não suportam ser esterreotipadas.»
Primavera
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

quinta-feira, 27 de junho de 2013


Página-a-página #50


«A natureza não põe nenhuma questão, nem sequer responde ao que nós mortais perguntamos.»

«Em suma, a imaginação, dando-se-lhe corda, mergulha mais fundo e eleva-se mais alto do que a própria Natureza.»

«Até agora conhecemos somente umas poucas leis e o resultado que obtemos vê-se invalidade, naturalmente não por qualquer desordem ou irregularidade da Natureza, mas pela nossa ignorância dos elementos essenciais para o cálculo. As nossas noções de lei e harmonia costumam estar confinadas aos exemplos que percebemos; mas a harmonia que decorre de um número muito maior de leis, aparentemente incompatíveis mas na realidade concorrentes, e que ainda não descobrimos, é ainda mais maravilhosa. As leis particulares são como os nossos pontos de vista, como para um viajante o contorno de uma montanha, que a cada passo varia, apresentando um número infindo de perfis embora a sua forma seja uma só. Mesmo que fendêssemos e perfurássemos a montanha não a abrangeríamos na sua totalidade.»

O lago no inverno
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Página-a-página #49


«A repugnância perante a comida animal não resulta da experiência, decorre do instinto. Parecia-me mais belo viver com humildade, passando mal em muitos aspectos.»

«As frutas, comidas com moderação, não nos envergonham pelo nosso apetite nem interrompem as nossas actividades mais dignas. (...) Muitos homens sentir-se-iam desonrados se fossem surpreendidos a preparar com as próprias mãos uma refeição, de comida animal ou vegetal, como a que diariamente outros lhes preparam.»

«...estou convicto de que faz parte do destino da raça humana, no seu progresso gradual, abandonar o hábito de comer animais.»

«Não é a comida que entra na boca de um homem que o envelhece, é o apetite com que ele come.»

«Toda a nossa vida é surpreendentemente moral. Não há um só instante de tréguas entre a virtude e o vicio. A bondade é o único investimento que nunca falha. Na música da harpa que vibra em redor do mundo, é a insistência nisso que o comove.»

«Se pretendeis ser casto, deveis ser moderado. O que é a castidade? Como saberá um homem se é casto? Não o saberá. Temos ouvido falar dessa virtude, mas não sabemos do que se trata. Falamos conforme os boatos que ouvimos. Do exercício vem a sabedoria e a pureza; da preguiça, a ignorância e a sensualidade. No estudante, a sensualidade é um hábito preguiçoso da mente. Uma pessoa imunda é geralmente preguiçosa, senta-se ao lado do fogão, prostra-se a apanhar sol, descansa sem estar cansada. Se pretendeis evitar a depravação, trabalhai seriamente, mesmo que seja limpando um estábulo. A natureza é difícil de ser dominada, mas deve ser dominada. De que adianta serdes cristãos se não sois mais puros que pagãos, se não vos sacrificais, se já não sois religiosos?»

«Todo o homem é o construtor de um templo, que é o seu corpo, para o deus a que adora; e segue um estilo puramente seu, não podendo desincumbir-se martelando, em vez de si mesmo, o mármore. Somos todos escultores e pintores, e o material é a nossa própria carne, seu sangue e ossos. Qualquer nobreza começa logo a refinar as feições de um homem, qualquer mesquinharia ou sensualidade a embrutecê-las.»

Leis superiores
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

Guia para a felicidade #6


Schopenhauer: Amor.

Página-a-página #48


«Um lago é o traço mais belo e expressivo da paisagem. É o olho da terra, e mirando-se nele o ser que se contempla mede a profundidade da sua própria natureza.»

«Como são mais belos que as nossas vidas! Como são mais transparentes que os nossos caracteres! Nunca aprendemos mesquinharias com eles. Como são mais formosos que o açude onde nadam os patos defronte da porta do fazendeiro! Para cá vêm os imaculados patos selvagens. Não há habitante humano que aprecie a Natureza! Os pássaros, com as suas plumagens e cantos, estão em harmonia com as flores, mas quando o rapaz ou rapariga se associa à beleza selvagem e luxuriante da Natureza? Ela floresce sobretudo sozinha, bem longe das cidades onde moram os homens. Falais do céu, vós que degradais a terra!»
Os lagos
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

Guia para a felicidade #5


Nietszche: Sofrimento.


Guia para a felicidade #4


Montaigne: Auto-estima.

Página-a-página #47


«Nunca deveríamos fazer cerimónias com a sinceridade. Nunca nos enganaríamos, insultaríamos e enxotaríamos uns aos outros por conta de mesquinharias, se o núcleo da dignidade e amizade estivesse presente.»
A plantação de feijões

É uma experiência surpreendente e inesquecível, além de valiosa, essa de uma pessoa se perder nos bosques.

«... e só quando estamos completamente perdidos, ou quando damos a volta em torno - pois neste mundo basta o homem dar de olhos fechados uma volta em torno para se perder - é que apreciamos a vastidão e singularidade da Natureza. Sempre que de novo acorde, seja do sono ou de alguma abstracção, o homem tem de voltar a aprender os pontos cardeais. A não ser quando nos perdemos, ou melhor, quando perdemos o mundo, é que começamos a descobrir-nos, percebendo onde estamos e o infinito alcance das nossas relações.»
O povoado
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

Guia para a felicidade #3


Séneca: Raiva.

Página-a-página #46


«Entretanto, descobri por experiência própria que algumas vezes a companhia mais doce e terna, a mais inocente e animadora, pode encontrar-se em qualquer objecto natural, mesmo pelo pobre misantropo e o mais melancólico dos homens. Não pode haver melancolia muito negra para quem vive em plena Natureza e mantém os sentidos serenos.»

«O mundo inteiro que habitamos não é mais do que um ponto no espaço. A que distância acreditais que moram os dois habitantes mais afastados daquela estrela, cuja amplitude do disco não pode ser medida pelos nossos instrumentos? Porque me haveria eu de sentir só? Não está o nosso planeta na Via Láctea? A pergunta que me fazeis não me parece a mais importante. Que tipo de espaço é o que separa um homem dos seus semelhantes e o torna solitário? Descobri que nenhum movimento das pernas pode aproximar muito uma mente da outra. Preferimos viver perto de quê?»

«Nunca encontrei companhia que fosse tão companheira como a solidão. Na maioria das vezes somos mais solitários quando circulamos entre os homens do que quando permanecemos no nosso quarto. Um homem enquanto pensa e trabalha está sempre sozinho, onde quer que esteja. Não se mede a solidão pelas milhas do espaço que distam um homem dos seus companheiros.»
Solidão
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

Página-a-página #45


«Com um pouco mais de deliberação na escolha dos seus objectivos, possivelmente todos os homens se tornariam em essência estudiosos e observadores, porque a natureza e o destino de cada um interessam sem dúvida de igual maneira a todos. Ao acumular bens para nós ou para os nossos descendentes, ao fundar uma família ou um estado, ou ainda ao alcançar a fama, somos mortais; mas ao lidarmos com a verdade somos imortais e não precisamos temer mudanças ou acidentes.»
«Ler bem, isto é, ler livros verdadeiros com espírito verdadeiro, é um nobre exercício que põe à prova o leitor mais do que qualquer outro exercício tido em alta conta nos hábitos contemporâneos.»


Leitura
Walden ou a vida nos bosques
Henry David Thoreau

domingo, 16 de junho de 2013


Uma boa história nunca acaba #51


La vita è bella (1997). Comédia. Drama. Romance. Um filme que sem dúvida nos envolve do inicio ao fim. É um daqueles filmes em que passamos metade do tempo a rir e a outra metade do tempo a chorar. Um filme que nos mostra o amor incondicional de um pai e que nos faz ver que nem sempre a verdade é a nossa salvação. É um filme que não consigo descrever em palavras pela riqueza do seu conteúdo. Quem quiser conhecer esta história tem de a ver e de a viver!

Um desafio por mês #7


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Página-a-página #44


«Um homem deveria aprender a detectar e a observar mais a luz que atravessa interiormente a sua mente como um raio do que o brilho do firmamento de bardos e sábios. Todavia, o homem desdenha-o, não lhe presta atenção, por esse mesmo pensamento vir de si mesmo. Em toda a obra genial reconhecemos os nossos próprios pensamentos, que rejeitámos; eles voltam ao nosso encontro com uma certa majestade alienada, devido ao seu carácter alheio. As grandes obras de arte não nos oferecem lição mais válida do que esta; ensinam-nos a obedecer à nossa espontaneidade com uma inflexibilidade bem humorada, tanto mais quando o coro das opiniões está no outro campo. Se assim não for, um dia um estranho anunciará, com um bom senso magistral, precisamente o que sempre pensámos e sentimos, e, envergonhados, seremos obrigados a admitir da parte de outra pessoa o que era a nosso própria opinião.»

A  Confiança em Si
A Confiança em Si, A Natureza e Outros Ensaios
Ralph Waldo Emerson

Página-a-página #43


«A sociedade nunca progride. Recua tão depressa de um lado como avança de outro. Passa por mudanças contínuas; é bárbara, civilizada. cristã, rica, cientifica, mas essa mudança não significa melhoria. Para tudo o que se ganha, algo se perde. A sociedade adquire novas técnicas e perde velhos instintos. Que contraste entre o americano bem vestido, que sabe ler, escrever, pensar, que leva no bolso um relógio, um lápis e uma carta de câmbio, e o neozelandês completamente nu, que, como bens, dispõe apenas de uma maçã, de uma lança, de uma esteira e da vigésima parte de um abrigo para dormir! Porém, comparai a saúde destes dois homens e vereis que o homem branco perdeu toda a sua força original. Se for verdade o que dizem os viajantes, desferi uma machadada  num indígena e num dia ou dois a sua carne fechar-se-á e cicatrizará como se lhe tivésseis acertado com um pau frouxo, enquanto o mesmo golpe enviaria o branco para a cova.»

A Confiança em Si
A Confiança em Si, A Natureza e Outros Ensaios
Ralph Waldo Emerson