«Não sentia rancor por Kino. Ele tinha dito 'Eu sou um homem' e para Juana isso queria dizer certas coisas. Queria dizer que ele era meio louco e meio deus. Queria dizer que Kino seria capaz de exercer a sua força contra uma montanha e de mergulhar a sua força contra o mar, Juana, na sua alma de mulher, sabia que a montanha continuaria de pé enquanto o homem ficaria desfeito; que o mar continuaria a erguer-se tempestuoso, enquanto o homem se afogaria nele. Todavia, era isso que fazia dele um homem, meio louco e meio deus, e Juana necessitava de um homem. Embora a desorientassem estas diferenças entre homem e mulher, conhecia-as e aceitava-as, precisava delas. Evidentemente, ela segui-lo-ia, isso não estava em causa. Por vezes, as suas características de mulher, a razão, a cautela, o instinto de conservação, conseguiam penetrar na virilidade de Kino e salvá-los a todos.»
A Pérola
John Steinbeck
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