sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Página-a-página #165

«O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exactamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou uma expectativa. Sem ninguém no presente ou no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer. 
(...) Aprender a solidão não é senão capacitarmo-nos do que representamos entre todos. Talvez não representemos nada, o que me parece impossível. Qualquer rasto que deixemos no eremitério é uma conversa com os homens que, cinco minutos ou cinco mil anos depois, nos descubram a presença. Dificilmente se concebe um homem não motivado para deixar rasto e, desse modo, conversar. E se houver um eremita assim, casmurro, seguro que terá pelo chão e pelo céu uma ideia de companhia, espiritualizando cada elemento como quem procura portas para chegar à conversa com deus. Estamos sempre à conversa com deus. A solidão não existe. É uma ficção das nossas cabeças.»
A desumanização
Valter Hugo Mãe 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Uma boa história nunca acaba #166


Inferno (2016). Acção. Aventura. Crime. Quando Robert Langdon, professor de simbologia da Universidade de Harvard, desperta amnésico numa cama de hospital em Florença, fica desorientado. Sienna Brooks, uma das médicas que o assiste, explica-lhe que, dois dias antes, deu entrada nas urgências com ferimentos de bala. À medida que o ajuda a recuperar a memória, apercebem-se de que ele está envolvido numa conspiração internacional que aparenta colocar em risco a sobrevivência de toda a Humanidade. Numa corrida contra o tempo que os arrasta para o desconhecido, vêem-se obrigados a seguir estranhas pistas relacionadas com a simbologia oculta encontrada em "Inferno", a primeira parte da célebre obra "A Divina Comédia", do escritor florentino Dante Alighieri. Baseado no "best-seller" homónimo de Dan Brown, esta é a terceira aventura adaptada ao cinema do simbologista Robert Langdon (mais uma vez interpretado por Tom Hanks), o herói que encontrámos em "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demónios". Em cartaz ainda nos cinemas!

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Página-a-página #164

«Perante a objectiva, eu sou simultaneamente aquele que eu julgo ser, aquele que eu gostaria que os outros julgassem que eu fosse, aquele que o fotógrafo julga que sou e aquele de quem ele se serve para exibir a sua arte. Por outras palavras, trata-se de uma acção bizarra: não paro de me imitar a mim próprio e é por isso que sempre que me fotografam (que deixo que me fotografem) sou invariavelmente assaltado por uma sensação de inautenticidade, por vezes de impostura (como alguns modelos podem provocar).»
A câmara clara
Roland Barthes

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Uma boa história nunca acaba #165


Snowden (2016). Biografia. Drama. Thriller. Edward Joseph Snowden é um ex-militar e antigo analista informático norte-americano que se tornou denunciante das práticas da NSA, a agência de segurança nacional dos EUA. A revelação foi feita em 2013, através de milhares de documentos qualificados como “estritamente confidenciais” enviados às redacções dos jornais The Guardian e The Washington Post. Após as denúncias, que chocaram o mundo, o Governo norte-americano apresentou acusações formais contra Edward Snowden por exposição de dados secretos do governo, onde foram revelados, entre muitas outras coisas, detalhes do projeto de monitorização global, denominado PRISM, que acedia a conversas telefónicas e transmissões na Internet de cidadãos de todo o mundo. Depois de múltiplos pedidos de asilo político a vários países, sempre negados, a 1 de agosto de 2013, Snowden entrou em território russo após ter recebido documentação do Serviço de Migração que lhe concedeu asilo temporário naquele país. Um filme biográfico sobre o homem que deixou o mundo em choque após revelar uma teia de espionagem à escala mundial perpetrada pelos serviços de espionagem norte-americanos. Aproveitem enquanto o filme está nos cinemas. Sem dúvida que este blog recomenda!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Uma boa história nunca acaba #164


Sully (2016). Biografia. Drama. Em meados do mês de Janeiro de 2009 um Airbus A320, pouco depois de descolar do Aeroporto LaGuardia, em Nova Iorque, atingiu um grupo de gansos-do-canadá, que resultou numa imediata perda de potência de ambas as turbinas. Sem opções de aterragem segura, o Capitão Chesley "Sully" Sullenberger decidiu com êxito a proeza de amarar o avião praticamente intacto no Rio Hudson, perto de Manhattan, poupando assim a vida dos 155 passageiros, que foram logo de imediato socorridos pelas embarcações locais. Pelo feito histórico, o Capitão "Sully" e a restante tripulação foram considerados heróis nacionais e condecorados com a Medalha de Mestre da Guild of Air Pilots and Air Navigators. Mas só depois de uma investigação rigorosa sobre a sua reputação e carreira. Em Portugal traduzido como Milagre no Rio Hudson, ainda nos cinemas, este é um filme que este blog aconselha!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Página-a-página #163

«Tanti enquanto trabalhadores como enquanto consumidores, sentimos que nos movimentamos por canais que foram projetados de longe por enormes forças impessoais... Algumas pessoas reagem a isso aprendendo a cultivar os seus próprios legumes... Estes novos agrários afirmam que recuperar uma relação mais directa com os alimentos que consomem lhes proporciona uma profunda satisfação. Os outros dedicam-se ao tricô e ao croché e orgulham-se de exibir peças de roupa que eles próprios fizeram. A economia do lar das nossas avós está de repente, e de novo, em voga - porquê?
A frugalidade pode ser apenas uma pouco sólida racionalização económica para um movimento que, na verdade, responde a uma necessidade mais profunda: queremos sentir que o nosso mundo é inteligível para podermos ser responsáveis por ele... Muitas pessoas tentam recuperar um campo de visão que, em termos de escala, é no fundo, humano, e libertarem-se da dependência das obscuras forças de uma economia global. »
A minha pequena livraria
Wendy Welch