sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Página-a-página #175

«Como já disse no capitulo sobre comida, o hygge é dar a si próprio e aos outros um mimo. É saborear o momento e os prazeres simples da boa comida e da boa companhia. É dar ao chocolate quente com natas batidas a atenção que ele merece. Em suma, indulgência. O hygge é o agora, como desfrutar do momento e tirar daí o maior partido. Acima de tudo, saborear é agradecer. Costumamos lembrar a nós mesmos para não tomas as coisas como dado adquirido. A gratidão é mais do que um simples "obrigado" quando se recebe uma prenda. É ter em mente que estamos a viver agora, focarmos o momento e apreciarmos a vida que temos, concentrarmos-nos em tudo o que temos em vez do que não temos. Lugares-comuns? Completamente.»

O livro do Hygge
Meik Wiking

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Página-a-página #174

«Quando fomos acampar, não havia necessidade de estarmos em mais lado nenhum. Estávamos offline. Sem telemóvel. Sem e-mail. Rodeados pela simplicidade, pela natureza e pela boa companhia, capazes de nos descontrairmos por completo e de absorvermos o momento. Todos os verões vou andar de barco com um dos meus melhores amigos e o seu pai. Não há muita coisa que mais me agrade do que estar ao leme, debaixo de velas brancas desfraldadas e céu azul, a ouvir a música que sai aos berros debaixo do tombadilho. Os momentos mais hygge destas viagens são quando estamos ancorados nos vários portos que visitamos. Após cada jantar, sentado-nos juntos a ver o pôr do sol no convés, a ouvir o vento ressoar nos mastros e no cordame dos barcos atracados e a bebericar um café irlandês... isto é hygge. (...) Para mim isso acontece em bangalós de verão. Em muitos aspetos, a vida num bangaló oferece todos os elementos, e as minhas recordações favoritas da infância incidem todas num bangaló que a minha familia tinha a meros dez quilometros da cidade, onde morávamos de maio a setembro. Nessa altura do ano, quando nem sequer faz escuro à noite, eu e o meu irmão tínhamos dias estivais sem fim. Subimos às arvores, apanhávamos peixe, jogávamos à bola, andávamos de bicicleta, desbravávamos túneis, dormíamos em casas nas arvores, escondiam-nos debaixo de barcos na praia, construirmos diques e fortes, treinávamos tiro ao arco, e procurávamos frutos silvestres e ouro nazi escondido na floresta. O bangaló tinha um terço do tamanho da nossa casa na cidade, a mobília era velha, a televisão a preto e branco com um ecrã de 14 polegadas e uma antena instável. Porém, era o lugar onde tinhamos mais hygge. Em muitos aspectos, foram os nossos tempos mais felizes e mais hygge. Creio que assim é porque os bangalós dispõem de todos os catalisadores do hygge: os aromas, os sons, a simplicidade. Quando ficamos num bangaló, há uma ligação mais forte à natureza e às pessoas. Um bangaló leva-nos a viver com mais simplicidade e vagar. Sair para o ar livre. Reunir-se com os outros. Desfrutar do momento.»

O livro do Hygge
Meik Wiking